Conheça a Associação de Prostitutas que atua há 17 anos no estado do Piauí

Hoje, são mais de 600 mulheres assumidas em Teresina que contam com o apoio direto da associação

Um vídeo viralizado nas redes sociais nesta semana reacendeu a curiosidade e o debate sobre a Associação das Prostitutas do Estado do Piauí (APROSPI), localizada no bairro Esplanada, zona Sul de Teresina. O que muitos não sabiam é que, por trás da fachada simples e do nome que chama atenção, existe uma instituição séria, sem fins lucrativos, que há 17 anos desenvolve ações de acolhimento, formação e cidadania para centenas de mulheres.

Fundada em 2006, a APROSPI nasceu a partir de uma política pública que identificou a ausência de uma associação no estado. “Todo estado tinha a sua associação, mas o Piauí ainda não. A proposta chegou no bairro Esplanada, mas a associação de moradores não conseguia juntar as mulheres. Como eu era uma trabalhadora sexual, casada, e tinha um bar, tinha acesso a essas meninas e comecei a mobilizar”, relembra Célia Gomes, presidente da instituição.

Foto: Reprodução
Conheça a Associação de Prostitutas que atua há 17 anos no Estado do Piauí

Além disso, a atuação da APROSPI ultrapassa os limites da capital. “Nosso trabalho vai além de Teresina. A gente atua também com políticas públicas em outras regiões”, afirma Célia.

Muito além do estigma
Apesar do nome, o trabalho da associação vai muito além da defesa dos direitos das profissionais do sexo. A APROSPI promove ações sociais, culturais, de lazer, saúde, empreendedorismo e formação profissional, tanto para as beneficiárias quanto para a comunidade em geral.

“Nós moramos na Vila Irmã Dulce e a associação fica no bairro Esplanada, mas o nosso trabalho também é comunitário. Já levamos praças e ruas para o bairro através do OPA (Orçamento Participativo)”, destaca a presidente.

Reação ao vídeo viral
Sobre o vídeo que viralizou esta semana, em que um homem se mostra surpreso com a existência da associação, Célia foi direta: “A gente ficou apreensiva, porque essas falas são machistas. As pessoas não conhecem o nosso trabalho e já julgam”.

Ela reforça que o foco da instituição é cuidar, empoderar e oferecer oportunidades reais para que essas mulheres tenham dignidade. “Trabalhamos o preconceito, a saúde, ensinamos como se prevenir no trabalho sexual. E também capacitamos essas mulheres com cursos, porque se um dia elas quiserem sair dessa vida, estejam aptas a seguir outro caminho.”

Uma porta aberta para todas
A APROSPI também mantém suas portas abertas para acolher mulheres em diversas situações de vulnerabilidade. “Estamos sempre abertas a qualquer mulher. Nosso trabalho é cuidar, não julgar”, finaliza Célia.

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