Dia do Nordestino: Mercado São José é referência em cultura e tradição em Teresina

A data celebra a cultura do povo nordestino e é marcada pela luta contra a discriminação

Nesta terça-feira (08/10) é celebrado, em todo o Brasil, o Dia do Nordestino. A data foi proposta pelo senador baiano Angelo Coronel, através do Projeto de Lei nº 2.755/2022, em homenagem ao poeta, teatrólogo, músico e compositor Catulo da Paixão Cearense, o "Poeta do Sertão", nascido no dia oito de outubro de 1863, em São Luís do Maranhão. O Conecta Piauí visitou o Mercado São José, localizado no Centro de Teresina, e que é referência em cultura e tradição nordestina na capital piauiense.

Foto: Joseph Silva / Conecta Piauí
Mercado Central São José, localizado na Praça da Bandeira, no Centro de Teresina

A data celebra a cultura e identidade da região, marcando ainda a luta contra a discriminação. O historiador Bernardo Sá explicou ao Conecta Piauí que alguns marcos da cultura nordestina contribuíram, mesmo que em tom de denúncia, para consolidar uma imagem do Nordeste marcada pela seca, fome e miséria.

"A palavra 'nordestino' foi inventada com esse conteúdo ideológico que significa miséria, seca e pobreza, e isto não é algo natual. Foi algo criado pelos discursos, mesmo literários, de Euclides da Cunha, passando por outros literatos regionalistas como Rachel de Queiroz, e Graciliano Ramos, e que a intenção não era a de discriminar, mas eles corroboram com essa visão de seca e de pobreza", explica.

Foto: Joseph Silva / Conecta Piauí
Bernardo Sá, historiador

"Vem depois a música de Luiz Gonzaga, ainda que faça de sua música um instrumento de denúncia social dessa situação de pobreza, mas ele vai ajudar a fortalecer o imaginário de que o Nordeste é só seca, pobreza e miséria", continua o historiador.

A professora aposentada Lídia Vale percebe o preconceito sofrido pelo povo nordestino, causado muitas vezes por essa imagem criada no imaginário popular. "Acho que tem discriminação dos de fora para cá, demais, principalmente do Sul para cá", comenta. Porém, Lídia sabe das belezas encontradas no Piauí e em todo o Nordeste. "Nós temos muito artesanal, mas o que temos de mais belo é nosso litoral, que não tem nada igual", diz.

Foto: Joseph Silva / Conecta Piauí
Lídia Vale, professora aposentada

O historiador Bernardo Sá também sabe que a região é muito mais que só a imagem negativa construída ao longo do tempo, e frisa a importância de se remodelar o imaginário coletivo acerca do Nordeste e do povo nordestino. "A ideia de ser nordestino deve ser abolida dessa imagem que se criou, para se tornar um Nordeste que também temos muito o que mostrar e o que comemorar, a partir das nossas riquezas, histórias e reações que tivemos sempre quando a injustiça social imperou mais que a justiça", conclui.

O Conecta Piauí esteve no Mercado São José, localizado na Praça da Bandeira, no Centro de Teresina, e converou com o lojista David Pires, que vende vestes e acessórios que são símbolos da cultura nordestina. "Aqui a gente vem apresentar a cultura regional do Nordeste, principalmente nessa área de couro, que é nossa área de chapelaria. A gente tem o chapéu do Lampião, de vaqueiro, vamos diversificando a mercadoria na área do gibão também, então a gente representa a cultura aqui no Mercado São José", conta.

Foto: Joseph Silva / Conecta Piauí
David Pires, lojista

O Nordeste não é apenas um símbolo de resistência e luta, mas também um berço de criatividade, gastronomia vibrante e hospitalidade ímpar. Valorizar o Nordeste é celebrar a diversidade e a força de um povo que, mesmo diante dos desafios, continua a brilhar e a inspirar, contribuindo de maneira inestimável para a identidade nacional.

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