Delgatti: hacker diz que Bolsonaro lhe assegurou perdão caso fosse preso

Na ocasião, Delgatti também entrou em conflito com o senador Sérgio Moro, chamando-o de criminoso

O hacker Walter Delgatti Neto prestou, nesta quinta-feira (17/08), depoimento perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Em seu depoimento, Delgatti afirmou que, em reunião no Palácio da Alvorada, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) havia lhe prometido um indulto caso viesse a ser preso por atividades ligadas à invasão de urnas eletrônicas em 2022. O indulto presidencial significa o perdão total da pena.

Segundo o hacker, quem intermediou o encontro foi a então deputada federal Carla Zambelli (PL), antes do período de campanha eleitoral do ano de 2022. De acordo com Delgatti, Bolsonaro tinha interesse em avaliar a integridade da segurança das urnas eletrônicas e pediu então que o hacker o fizesse.

Foto: Reprodução/Agência Brasil
Walter Delgatti ficou conhecido como "hacker da Vaza Jato" em 2019

"Apareceu a oportunidade da deputada Carla Zambelli, de um encontro com o Bolsonaro, que foi no ano de 2022, antes da campanha. Ele queria que eu autenticasse a lisura das eleições, das urnas", expôs o investigado.

Ainda em seu depoimento, Delgatti também expôs que o ex-presidente havia lhe pedido, por ligação, para que assumisse a autoria de um grampeamento feito contra o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes. O hacker diz que Bolsonaro afirmou que o grampeamento foi realizado por agentes de outro país.

Delgatti diz que o objetivo era provocar alguma ação contra o ministro Alexandre de Moraes e forçar a realização de nova eleição com o chamado voto impresso, modalidade que foi negada pelo Congresso Nacional em 2021.

DELGATTI CONTRA MORO

Durante a sessão da CPMI dos atos do dia 8 de janeiro, realizada nesta quinta-feira, o hacker Walter Delgatti e o senador Sérgio Moro (União Brasil) entraram em conflito. O senador questionou quantas vítimas de estelionato o hacker já havia feito, relacionando-se à condenação pelo crime de estelionato provenientes de golpes supostamente realizados pelo hacker em Araraquara (SP). Em resposta, Delgatti afirmou que foi vítima de uma perseguição e fez menção a como Sérgio Moro procedeu com as investigações da Lava Jato contra o presidente Lula (PT).

Foto: Reprodução: Reprodução/Agência Senado
Walter Delgatti e Sérgio Moro discutem

"Relembrando que eu fui vítima de uma perseguição em Araraquara, inclusive, equiparada à perseguição que vossa excelência fez com o presidente Lula e integrantes do PT", diz. Em seguida, acusa Moro de ser criminoso. "Eu li as conversas de vossa excelência, li parte privada, e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz, cometeu diversas irregularidades e crimes", explanou.

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