Sem ração e endividado, abrigo Patinhas do Coração, em Teresina, pede socorro
Espaço enfrenta dívidas, falta ração e tenta evitar despejo para não colocar animais na rua
O Abrigo Patinhas do Coração, localizado na zona sul de Teresina, vive uma das piores crises desde sua criação há mais de cinco anos. Responsável por cuidar de mais de 70 animais resgatados de maus-tratos, abandono e negligência, o espaço enfrenta despesas mensais que chegam a R$ 3 mil, além de dívidas acumuladas e falta de ração. À frente do projeto está o casal Gláucio e Laíse, que dedica a própria vida aos animais. “Tudo começou quando eu vi os maus-tratos nas ruas, animais passando fome. Eu tive empatia porque já passei por muita coisa na minha infância”, conta Gláucio.
O protetor relata que sua história pessoal influenciou diretamente na criação do abrigo. “Cresci em orfanato, vi minha mãe apanhar, passei necessidade. Muita gente cresce refletindo ódio, mas em mim só brotou amor”, afirma. Hoje, porém, o abrigo vive uma situação crítica. “Estamos devendo quatro contas, estamos zerados de ração. Vendemos tudo dentro de casa para pagar clínica, veterinário, ração. Não é fácil, gente”, desabafa. Ele também comenta que, apesar das dificuldades, não pensa em desistir. “Aqui é proteção de verdade. A gente não se acovarda”, conta.
A falta de recursos tem sido o maior desafio. Além da alimentação, o abrigo enfrenta gastos com medicamentos, produtos de limpeza e manutenção diária. “Quando sofremos um golpe de mais de R$ 4 mil, quase entrei em depressão. Era para montar uma venda de frango assado e não precisar pedir em rede social”, lembra Gláucio, que faz bicos descarregando caminhão, recolhe latinhas e busca qualquer alternativa para sustentar os animais. “Peço que olhem para o protetor com mais carinho. Só Deus sabe o que a gente passa”, diz.
O protetor também relata o peso emocional do trabalho. Segundo ele, é comum pessoas abandonarem animais no portão do abrigo ou jogarem filhotes por cima do muro. “O que mais dói é que muita gente chega oferecendo animais, mas ninguém chega oferecendo um saco de ração. Já ficamos até três, quatro dias sem comer para manter eles”, relata. Ele explica que alguns dias são tão difíceis que chegam a passar mal. “As pessoas não entendem quando a gente diz que não pode resgatar. Às vezes não temos nem alimento para os que já estão aqui.”
Apesar da situação dramática, a maior alegria da dupla está nas pequenas vitórias diárias. “Nossa felicidade é ver eles comendo. Quando tem ração, eles ficam alegres, brincam, correm. Isso dá força pra gente”, diz Laíse. Hoje, porém, o medo maior é o despejo do espaço onde o abrigo funciona. “Meu maior medo é perder eles para a rua. Cada um aqui tem uma história. Eles são minha vida”, afirma Gláucio, emocionado. O abrigo aceita doações pelo Pix (86) 98127-8881 (Gláucio Vas de Araújo), pelo Instagram @patinhas_docoracao , ou presencialmente na Rua Rainha do Céu, nº 7957. “Peço socorro. Nos ajudem, por favor. Não sei o que vai ser deles”, conclui.