COP30 estreia no Brasil e marca a 4ª realização na América do Sul; veja as edições
Antes de Belém, a América do Sul recebeu a cúpula três vezes: Lima e Buenos Aires duas vezesA COP30, que começará na próxima segunda-feira (10/11) em Belém, marca um momento histórico para o Brasil. Pela primeira vez desde a criação da Conferência das Partes, em 1995, o país será sede do principal encontro global sobre mudanças climáticas. A realização no Pará também reafirma o protagonismo da Amazônia nas discussões internacionais sobre clima, biodiversidade e preservação ambiental.
Apesar de inédita em território brasileiro, a origem da COP remete justamente ao Brasil. Foi no Rio de Janeiro, durante a Rio-92, que líderes mundiais assinaram a convenção que abriu caminho para o atual regime multilateral de combate ao aquecimento global. De lá até aqui, o evento tornou-se o mais importante fórum climático das Nações Unidas.
Antes de Belém, a América do Sul recebeu a cúpula três vezes: Buenos Aires sediou em 1998 e 2004, enquanto Lima foi escolhida em 2014. Ao longo de quase três décadas de reuniões anuais, decisões tomadas nas COPs moldaram os principais acordos ambientais do planeta, como o Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris.
A trajetória das primeiras conferências
A COP1, realizada em Berlim em 1995, lançou as bases das negociações climáticas com o chamado Mandato de Berlim, que definiu metas de redução de emissões para países desenvolvidos. No ano seguinte, a COP2, em Genebra, reforçou o papel da ciência na tomada de decisões e abriu debate sobre financiamento para nações em desenvolvimento.
A virada real ocorreu em 1997, na COP3, em Quioto, quando foi firmado o primeiro grande tratado climático, o Protocolo de Quioto, com metas compulsórias de redução de gases poluentes. A implementação, porém, foi lenta. O acordo só entrou em vigor em 2005, após resistência dos Estados Unidos, que deixaram o pacto em 2001.
Na América do Sul, a primeira recepção ao evento ocorreu em Buenos Aires, em 1998, dando continuidade às negociações de Quioto. Nos anos seguintes, temas como uso da terra, reflorestamento, créditos de carbono e financiamento climático dominaram as rodadas, com avanços e impasses marcantes em encontros como a COP6 (Haia), COP7 (Marrakech), COP11 (Montreal) e COP16 (Cancún).
Rumo ao Acordo de Paris
A partir de 2007, o debate passou a focar na definição de metas globais mais amplas e na inclusão de países em desenvolvimento no esforço de mitigação. Esse processo culminou no Acordo de Paris, aprovado em 2015 durante a COP21. O tratado estabeleceu o compromisso internacional de limitar o aquecimento global a 1,5°C e tornou obrigatória a apresentação de metas nacionais de redução de emissões.
Belém e o novo capítulo climático
Com a COP30, Belém assume o papel de anfitriã num momento crítico para o planeta. O encontro ocorre em meio a alertas sobre recordes de temperatura global, eventos extremos mais frequentes e pressões por maior ambição climática por parte dos grandes emissores.
Para o Brasil, a conferência vai além do simbolismo histórico. Ela coloca a Amazônia no centro do debate e amplia a responsabilidade do país em liderar políticas ambientais consistentes, sobretudo em temas como desmatamento, transição energética e financiamento internacional para preservação florestal.
Ao reunir chefes de Estado, cientistas, ambientalistas, líderes indígenas e representantes do setor privado, a COP30 será decisiva para definir os próximos passos do combate ao aquecimento global. Se a COP nasceu no Brasil há 32 anos, é novamente no país que o mundo espera encontrar caminhos para enfrentar os desafios climáticos mais urgentes desta geração.