Desastres climáticos já afetam 1,8 milhão de piauienses em 2025; veja os dados
O município de Picos é um exemplo notável, onde se enfrenta extremos de alagamentos e seca
Desde o início do ano, quase 1,8 milhão de piauienses já foram atingidos por desastres naturais, entre mortes, prejuízos econômicos e impactos sociais severos. Os dados são do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), da Defesa Civil Nacional, e foram analisados pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). No total, 925 municípios brasileiros decretaram situação de emergência ou estado de calamidade pública até agora.
No Piauí, 83 cidades estão com decretos vigentes por conta de estiagem, seca e até alagamentos. O município de Picos, a 310 km de Teresina, é o mais afetado: enfrentou chuvas intensas no início do ano, que causaram a morte de três pessoas, e agora lida com uma seca severa, forçando um novo decreto de emergência.
Em todo o país, mais de 5,9 milhões de brasileiros foram impactados por desastres em 2025, com prejuízos econômicos estimados em R$ 28,5 bilhões. A agropecuária concentra a maior parte das perdas: R$ 23,3 bilhões — cerca de 82% do total.
A CNM alerta: os desastres continuarão se agravando sem o fortalecimento das defesas civis nos municípios. “O Brasil só será resiliente se os municípios forem estruturados e preparados para agir diante dos riscos, com ações integradas de proteção e defesa civil”, afirmou o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
Além do Piauí, estados como Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pará também enfrentam ondas de calor, estiagens prolongadas, inundações, alagamentos e deslizamentos. Os danos atingem infraestrutura urbana, áreas rurais, meio ambiente e colocam em risco a saúde e a segurança da população.
Segundo a CNM, os desastres registrados até abril já deixaram 12,3 mil pessoas desabrigadas e outras 71,8 mil desalojadas. Ao todo, 115 mortes foram confirmadas — um aumento de quase 60% em relação ao mesmo período do ano passado.
No Piauí, o governo estadual ampliou o decreto de emergência para 129 municípios por conta da seca extrema. Diante da crise climática, a CNM apresentou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 31/2024, que prevê a criação de um Conselho Nacional de Mudança Climática, de uma Autoridade Climática Nacional e de um fundo específico com R$ 30 bilhões destinados ao enfrentamento de desastres e à adaptação climática.