Fiscalização em Boa Esperança revela os bastidores da aquicultura no Piauí
O que essa caravana encontrou não foi apenas infraestrutura e produção, mas histórias e desafios
Por dois dias, o reservatório da Barragem de Boa Esperança , em Guadalupe, virou rota de uma expedição pouco visível ao grande público, mas essencial para entender como o Piauí administra um dos seus patrimônios ambientais mais estratégicos. Técnicos da Semarh, do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e da Agência Nacional de Águas (ANA) se uniram para acompanhar de perto a rotina das fazendas aquícolas que ocupam o espelho d’água, um setor que cresce rápido e exige vigilância constante.
O que essa caravana encontrou não foi apenas infraestrutura e produção, mas histórias, desafios e um cenário que mistura tecnologia, improviso e o impacto direto da atividade humana no reservatório. A equipe da Semarh, formada pelo engenheiro Luciano Pessoa e pelos analistas Tânia Noleto e Lucas Barreto, navegou mais de 40 quilômetros, cruzando áreas produtivas e pontos de denúncia, onde a paisagem revela sinais sutis de pressão ambiental.
As visitas incluíram duas grandes fazendas aquícolas. Em cada parada, a fiscalização começava com uma conversa franca: quem produz, como produz, quais documentos existem e quais ainda faltam. Depois vinham os detalhes técnicos, manejo, armazenamento de peixes, qualidade da ração, vacinação, gaiolas, estruturas, tudo observado de perto. É nesse olhar minucioso que se formam as evidências que sustentam futuras notificações e direcionam melhorias.
O diretor de Recursos Hídricos da Semarh, Felipe Gomes, acompanhou a operação e resumiu o desafio. “Quando colocamos diferentes órgãos no mesmo barco, literalmente, ampliamos nossa capacidade de entender o reservatório. A produção pode crescer, claro, mas precisa caminhar junto com a responsabilidade ambiental”, disse.
A ação conjunta também reforçou algo que não aparece no papel das licenças: a necessidade de diálogo entre governo, produtores e comunidades que dependem do reservatório. Ao final da expedição, cada órgão prepara seus relatórios e providências, um trabalho que continua longe dos olhos, mas que determina o futuro da água que move Boa Esperança .
Com essa fiscalização, o Estado renova o recado: desenvolvimento e conservação não são forças opostas; são caminhos que precisam se encontrar sobre as águas do Piauí.