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Disputa por terras: Piauí registrou um conflito no campo a cada cinco dias em 2023

Foi o maior registro de casos registrados da série histórica, iniciada há quase quatro décadas
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A cada cinco dias, em média, um conflito no campo é registrado no Piauí envolvendo disputa por terra, exploração de mão de obra e uso de água. O índice é da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que divulgou relatório anual onde o Estado aparece com 63 ocorrências durante o ano passado. Foi o maior registro de casos registrados da série histórica, iniciada há quase quatro décadas. 

Foto: ReproduçãoDisputa por terras: Piauí registrou um conflito no campo a cada cinco dias em 2023
Disputa por terras: Piauí registrou um conflito no campo a cada cinco dias em 2023

Estima-se que quase 1,7 trabalhadores rurais do Piauí, de comunidades quilombolas, acampamentos e assentamentos de terras indígenas tenham sido prejudicados por estas disputas. Destaque para o resgate de pessoas em condições análogas à escravidão. Foram 150 piauienses resgatados nesta situação, o maior registro de casos de toda a região Nordeste e a quinta maior no ranking nacional.  

Foto: ReproduçãoDisputa por terras: Piauí registrou um conflito no campo a cada cinco dias em 2023
Disputa por terras: Piauí registrou um conflito no campo a cada cinco dias em 2023

Na comparação com 2022, os números do relatório da CPT mostram que o crescimento de casos foi de 57,5%, pulando de 40 registros para os 63, ocorridos em 2023. Já o número de trabalhadores envolvidos dobrou, saindo de 810, em 2022, para 1.661, ano passado. “São números ainda bem preocupantes, mesmo não tendo registrado nenhuma morte nos últimos cinco anos”, disse Antônio Eusébio, coordenador estadual da CPT. 

De acordo com o dirigente, o ponto positivo deste novo relatório leva-se em conta a redução de casos de conflito de terra. Entretanto, ele reforça que mesmo com a queda nessa área, percebe-se que ainda são dados graves, tendo em vista que eles representam disputa de territórios onde o trabalhador vive na terra desde que nasceu, mas que ainda não tem o documento de posse que comprove que é dele. 

“É preciso que o Estado haja com mais celeridade na regularização dessas terras, principalmente no extremo sul piauiense, onde projetos de monocultura, como a soja, por exemplo, caminham a passos largos, e empresários aparecem com documentos de posse com datas de registros posteriores a posse dos trabalhadores, que lá já estão”, completou Eusébio, destacando que ainda assim, a CPT tem dito boas conversar com o Interpi. 

E essa preocupação deve-se ao fato de que os conflitos por terra seguem sendo os mais violentos devido aos desmatamentos, grilagem de terras, invasões, ameaças de expulsão, poluições e contaminações por agrotóxicos, violências contra as pessoas e ameaças de morte de trabalhadores rurais e indígenas famílias inteiras têm seus direitos violados e vivem com medo, pressionadas e adoecendo sob todas essas violações.

“Ano passado não tivemos morte nos 15 conflitos de terra registrados, mas recebemos denuncia de uma tentativa de assassinato, de várias ameaças e casos graves, como casas e roças destruídas e 17 denuncias de pistolagem. Um total de 252 trabalhadores se sentiu afetados por esses conflitos”, pontuou o dirigente estadual da CPT, ressaltando que a maioria dos casos foi denunciada à Defensoria Pública do Estado que tem tentado agir na região. 

A CPT, entidade ligada à igreja católica, organiza publicações anuais sobre conflitos no campo desde 1985. São registrados os casos entendidos como ações de resistência e enfrentamento que acontecem em diferentes contextos sociais. As disputas envolvem, por exemplo, luta por terra, água, direitos e pelos meios de trabalho ou produção. O Brasil também bateu recorde de conflitos em 2023, com 31 assassinatos no campo.

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