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Mesmo com forte queda, Piauí segue no top 3 na produção de castanha de caju

Redução se deu por praga, conforme IBGE
Redação

A castanha de caju, um dos símbolos da agricultura do semiárido, atravessa em 2025 um dos seus momentos mais difíceis no Piauí. Os números mostram uma queda forte, quase abrupta, mas também revelam algo importante: mesmo em um ano adverso, o estado continua entre os três maiores produtores do Brasil. Em um cenário de crise climática e pressão sobre o campo, isso não é detalhe, é resistência.

A produção piauiense fechou 2025 em 14,5 mil toneladas de castanha de caju. O recuo é expressivo, exatos 42,6% a menos que em 2024, quando o estado havia alcançado 25,3 mil toneladas e ocupado a segunda posição no ranking nacional. Foi a maior queda proporcional entre os estados produtores, o que fez o Piauí perder essa colocação. Ainda assim, manteve-se no grupo dos três primeiros do país, respondendo por 10,69% de toda a produção nacional.

Para entender a dimensão do impacto, basta olhar a série histórica. O recorde de produção no Piauí foi registrado em 2008, com 56,2 mil toneladas. Comparado a esse pico, o volume de 2025 representa uma redução de 74%. Um número que escancara o quanto o setor é vulnerável às mudanças climáticas e às condições ambientais cada vez mais severas.

Segundo Pedro Andrade, chefe da Seção de Pesquisas Agropecuárias do IBGE no Piauí, dois fatores foram determinantes para o resultado negativo, a escassez de chuvas e a incidência de pragas que atacaram diretamente as áreas de cultivo. É a combinação clássica, e cada vez mais recorrente, entre seca prolongada e desequilíbrios ambientais, que reduzem a produtividade e elevam os riscos para o produtor rural.

O problema não é exclusivo do Piauí. Em todo o país, a produção de castanha de caju caiu em 2025. O Brasil produziu 135,9 mil toneladas, uma retração de 14,64% em relação ao ano anterior. Quase todos os estados registraram queda, com exceção do Rio Grande do Norte e do Pará, que cresceram 32,27% e 17,14%, respectivamente.

Mesmo com uma redução de 17,69% em sua produção, o Ceará manteve a liderança nacional, concentrando 61,73% da castanha de caju produzida no país. O Rio Grande do Norte assumiu a segunda posição, com 20% da produção, seguido pelo Piauí, que permanece em terceiro lugar.

Os dados de 2025 deixam um recado claro. A castanha de caju continua sendo estratégica para o Nordeste e para o Piauí, mas sua sustentabilidade depende cada vez mais de políticas de convivência com o semiárido, controle de pragas, inovação tecnológica e adaptação às mudanças climáticas. Cair é um sinal de alerta. Permanecer entre os maiores produtores, mesmo assim, é prova da relevância econômica e social dessa cultura para o estado.