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Piauí é campeão nacional de apreensão de madeira ilegal fora da Amazônia Legal

É o que mostra levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) referente a esse tipo de crime
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O Piauí não é produtor de madeira para fins comerciais, tampouco faz parte dos estados que compõem a Amazônia Legal. Ainda assim, ele aparece como um dos principais volumes de madeira ilegal apreendida no país. É o que mostra levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) referente a esse tipo de crime ambiental, nos últimos sete anos. São quase 193 mil metros cúbicos de produtos apreendidos, que estavam sendo transportados ilegalmente, entre 2018 a 2023. 

Foto: Policia Rodoviária Federal (PRF)Piauí é campeão nacional de apreensão de madeira ilegal fora da Amazônia Legal
Piauí é campeão nacional de apreensão de madeira ilegal fora da Amazônia Legal

Desse montante, menos de 9 mil metros cúbicos de madeira foram retirados de circulação, nas rodovias federais que cortam o Piauí. Ou seja, número bem distante do acumulado, bem como do líder nacional de apreensões que é o Mato Grosso, com quase 52 mil metros cúbicos apreendidos neste período, conforme o estudo. No entanto, o dado piauiense é o maior entre os estados fora da Amazônia Legal e não produtor.  

Foto: ReproduçãoPiauí é campeão nacional de apreensão de madeira ilegal fora da Amazônia Legal
Piauí é campeão nacional de apreensão de madeira ilegal fora da Amazônia Legal

Isso faz das rodovias piauienses, uma das principais rotas de escoamento de madeira ilegal do país. “A posição geográfica do Piauí favorece esse grande número de apreensão, tendo em vista que o Estado, mesmo não fazendo parte da região da Amazônica Legal, nem produzindo em grande escala para venda, aparece como porta de entrada ao restante do Nordeste e sul do Brasil”, informou o inspetor Bruno Dias, superintendente da PRF no Piauí. 

Foto: Ricardo Morais/Oito MeiaSuperintende da Policia Rodoviária do Piauí Bruno Ribeiro
Superintende da Policia Rodoviária do Piauí Bruno Ribeiro

De acordo ainda com o superintendente, as apreensões de madeira no Piauí, promovidas pelas equipes da PRF, cresceram mais de 130% no último ano, saindo de 458 metros cúbicos em 2022, para quase 1,1 mil metros cúbicos no ano passado. Foi o segundo maior crescimento percentual, ficando atrás somente do Amazonas, onde a alta foi de quase 900%. Porém, o Amazonas é um estado produtor de madeira. 

“Nunca se apreendeu tanta madeira ilegal nas estradas federais que cortam o país. Ano passado mesmo, foi um recorde da série histórica do novo sistema de contabilidade da PRF, iniciada em 2018. Foram mais de 40 mil metros cúbicos apreendidos em todo o país. Cerca de 2 mil  pessoas, a maioria caminhoneiros, foram presas por crimes ambientais nas operações ocorridas no Brasil”, completou Bruno. 

O que motivou o aumento de apreensões? 

E dentro das constantes operações promovidas pela PRF, um dos motivos que justificam a alta é o aprimoramento da verificação desse tipo de crime. Além de combater ilícitos ambientais e intensificar fiscalizações de transporte de madeira extraídas de forma ilegal, a ação também objetiva criar uma rede de agentes engajados que sejam capazes de atuar na identificação das espécies de madeiras durante as abordagens.

“A fiscalização vem sendo intensificada para além da documentação. O que isso significa? Bom, observamos se as espécies contidas na guia são as mesmas da carga. E fazemos isso por meio de um novo equipamento, uma lupa que aumenta em mais de dez vezes o tamanho da madeira. E temos pego muita coisa errada’, afirmou o inspetor Charlton Nascimento., especialista em ações de combate a crimes ambientais. 

Esse tipo de equipamento já foi distribuído para todo o país. No Piauí, todos os dez postos existentes já contam com o serviço. E isso fez com que o número de apreensões no Estado disparou esse ano, em relação ao mesmo período do ano passado. “Por conta disso, as apreensões no Piauí aumentaram e hoje o Estado aparece apenas atrás de Mato Grosso, Pará, Rondônia, Maranhão e Amazonas, todos que integram a Amazônia Legal”, pontuou.  

Apesar de não ser originado nas rodovias federais, o crime ambiental organiza-se em diferentes âmbitos nas vias do país, fazendo com que os criminosos utilizem as rodovias para esquematizar e praticar os crimes. Diante disso, a PRF decidiu especializar seus agentes e aprofundar as fiscalizações relacionadas aos crimes ambientais. 

Desde de 2020, as equipes passaram a coletar amostras de espécies de madeiras transportadas, com o intuito de criar uma coleção das classes mais extraídas na Amazônia Legal e comercializadas por todo o país. Durante a Operação Rotas de Madeira, ocorrida anualmente em todo o país, são distribuídas, ao longo da malha rodoviária, caixas com amostras de pelo menos 40 das espécies mais frequentes com o intuito de auxiliar os agentes na identificação de madeiras nativas transportadas ilegalmente.

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