O novo Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios do Ministério do Trabalho e Emprego revela um dado que merece atenção, e reconhecimento: o Piauí é o estado com a menor diferença salarial entre homens e mulheres do Brasil. A distância é de 7,2%, a menor do país, seguido por Amapá (8,9%) e Acre (9,1%).

Num cenário em que as mulheres ainda recebem, em média, 21,2% menos que os homens, o desempenho piauiense mostra que é possível avançar. A média nacional indica que elas ganham R$ 3.908,76, contra R$ 4.958,43 deles. Quando o recorte é de raça e cor, a desigualdade se agrava: mulheres pretas e pardas recebem 53,3% menos que homens brancos.

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No topo oposto da lista estão Paraná e Rio de Janeiro, ambos com 28,5% de diferença salarial, seguidos de Santa Catarina (27,9%) e Mato Grosso (27,9%). Estados ricos, industrializados, mas que ainda convivem com velhos padrões de desigualdade de gênero.

O estudo, que analisou 19,4 milhões de vínculos trabalhistas em empresas com mais de cem empregados, mostra que as mulheres já representam 41,1% da força de trabalho formal. O número de trabalhadoras cresceu 11% em um ano, de 7,2 milhões para 8 milhões, mas a distância entre salários segue quase imóvel desde que o relatório começou a ser divulgado, há dois anos.

“O avanço ainda é tímido”, admite Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do MTE.

A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, também fez um alerta. “É inaceitável que mulheres negras recebam metade do rendimento de homens não negros. Temos o compromisso de intensificar medidas que corrijam essas distorções”, disse. 

O bom desempenho do Piauí, portanto, deve ser visto como sinal de mudança, mas também convite à reflexão. O estado nordestino, que desponta na liderança de indicadores de igualdade salarial, mostra que políticas públicas, transparência e compromisso social podem caminhar juntos.