Enquanto o Brasil ainda tenta compreender a escalada de violência nas ações policiais, especialmente após as recentes mortes no Rio de Janeiro,  um dado vindo do Piauí acende uma luz de esperança e referência. O Estado encerrou 2024 com o menor número de mortes decorrentes de intervenções policiais de toda a sua série histórica: apenas 24 casos.

O número representa uma redução de 42,9% em relação ao ano anterior e coloca o estado como o menos violento entre os nove monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança, que reúne informações oficiais obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação. Para efeito de comparação, a Bahia lidera o ranking nacional de letalidade policial, com 1.556 mortes registradas em 2024, mais de 60 vezes o número piauiense.

Todos esses números fazem parte do relatório “Pele Alvo: crônicas de dor e luta”, elaborado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), e divulgado nesta quinta-feira (06), revelando que 4.068 pessoas foram mortas por policiais em nove estados brasileiros no último ano. Desse total, 3.066 eram pessoas negras, o que representa 86,2% das vítimas.

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Foto: Divulgação/PMPI

Polícia Militar prende dez pessoas durante operação de trânsito em Teresina

O estudo mostra ainda que jovens de 18 a 29 anos concentram a maioria dos casos — 57,1% das vítimas. Outras 297 eram adolescentes entre 12 e 17 anos, e houve até o registro trágico de uma criança de 11 anos. Nos estados analisados (Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo) a média foi de 11 mortes por dia em ações policiais em 2024.

Em meio a esse cenário, o desempenho do Piauí se destaca como um contraponto à letalidade policial que domina o noticiário nacional. O estado, que tem registrado ano a ano queda nos principais índices de violência, entre eles mortes violentas, vem consolidando uma mudança de cultura na segurança pública: o foco na mediação de conflitos, valorização de inteligência policial e formação continuada dos agentes.

Especialistas apontam que o Piauí colhe agora os frutos de um modelo que investe na prevenção e no diálogo com as comunidades, reduzindo a necessidade de confronto. O resultado é uma polícia mais humana e menos letal, sem abrir mão da eficiência no combate ao crime.