Piauí tem o terceiro menor percentual de mulheres no Judiciário, aponta CNJ
Em relação a raça, apenas seis magistrados no Piauí se autodeclaram pretosO Piauí encerra o ano figurando entre os estados com menor presença feminina no Judiciário brasileiro. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revelam que apenas 27% dos magistrados em atuação no estado são mulheres, o terceiro menor percentual do país, à frente somente de Tocantins (27,8%) e Roraima (25%).
Ao todo, o Judiciário piauiense conta com 251 magistrados, dos quais apenas 68 são do sexo feminino. Embora o Tribunal de Justiça do Piauí tenha atualmente duas mulheres ocupando cargos de desembargadoras, a presença feminina segue sendo exceção em um sistema majoritariamente masculino, especialmente nos postos de maior poder e decisão.
A distribuição dos magistrados por ramo da Justiça evidencia a dimensão do quadro. Do total no estado, 187 juízes atuam na Justiça Estadual, 89 na Justiça Eleitoral, 36 na Justiça do Trabalho e 23 na Justiça Federal. Mesmo com o ingresso de novas gerações por meio de concursos mais recentes, a desigualdade de gênero permanece como uma marca estrutural do Judiciário local.
O levantamento do CNJ também chama atenção para o recorte racial. Apenas seis magistrados no Piauí se autodeclaram pretos, o equivalente a 2,4% do total. O número reforça a baixa diversidade racial na magistratura e evidencia que o acesso às carreiras jurídicas de elite ainda é limitado para grande parte da população.
Em relação ao perfil dos juízes, a maioria ingressou no Judiciário a partir de 2010, indicando renovação nos quadros, e a faixa etária predominante está entre 40 e 49 anos. Ainda assim, essa renovação não foi suficiente para alterar de forma significativa a composição de gênero do sistema.
Especialistas apontam que a baixa presença feminina no Judiciário não se resume a uma questão estatística. A diversidade de gênero nas cortes é considerada fundamental para ampliar perspectivas, qualificar decisões e fortalecer a legitimidade das instituições. Em um cenário nacional de debate sobre equidade e representatividade, os números do Piauí revelam um desafio persistente.