Programas sociais tiram 459 mil piauienses da extrema pobreza em 2024
O efeito dos programas sociais, segundo o IBGE, foi suficiente para retirar da extrema pobreza 13,6%Por uma fresta de números, é possível enxergar vidas inteiras sendo rearrumadas. No Piauí, em 2024, a taxa de extrema pobreza caiu à metade. Um recuo de 8% para 4% da população, transformação que não cabe apenas nas planilhas. São 459 mil pessoas que, por pouco mais de R$ 200 mensais por integrante da família, deixaram para trás a condição mais dura da sobrevivência.
Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), do IBGE, que mede, ano a ano, a travessia social dos brasileiros. E revelam uma queda estrutural quando se olha o passado recente: em 2012, o Piauí convivia com 14,3% da população em extrema pobreza. Eram 458 mil pessoas. Doze anos depois, esse número encolheu para 135 mil, uma redução de 323 mil piauienses nessa condição ao longo do período.
Mesmo assim, o estado ainda ostenta o 13º maior índice do país. A marca, embora menor, continua impondo desafios profundos. Para Eyder Mendes, supervisor de Informações do IBGE no Piauí, o estudo escancara o papel decisivo da política pública na vida dos mais pobres.
“Quando analisamos os dados com e sem o impacto dos programas sociais, a diferença é abissal. Sem benefícios como o Bolsa Família e o BPC, o percentual de piauienses em extrema pobreza saltaria de 4% para 17,6%. Ou seja, quatro vezes mais. Isso mostra que essas políticas não são apenas complementares: são determinantes para a dignidade de centenas de milhares de famílias”, afirma Mendes.
O efeito dos programas sociais, segundo o IBGE, foi suficiente para retirar da extrema pobreza 13,6% da população do estado, um contingente equivalente ao tamanho de uma grande cidade piauiense inteira. No país como um todo, a situação também melhorou. Em 2024, considerando o impacto dos benefícios sociais, o Brasil registrou a menor taxa de extrema pobreza da série histórica: 3,5%.
Ainda assim, a geografia da desigualdade segue evidente. Maranhão (10,1%), Ceará (7,9%) e Acre (7,6%) se mantêm entre os estados mais vulneráveis. Na outra ponta, Santa Catarina (1,2%), Rio Grande do Sul (1,4%) e Mato Grosso do Sul (1,6%) aparecem como aqueles com os menores indicadores.
Nos números frios, o IBGE entrega a fotografia. Mas é nas casas que reaprenderam a fazer feira, nos estudantes que voltaram à escola com merenda garantida e nas famílias que não precisam mais escolher entre comer e pagar a conta de luz que reside o impacto real desta mudança. O desafio, agora, é não recuar. Porque cada porcentagem dessa estatística corresponde a alguém tentando, dia após dia, manter acesa a pequena chama de um futuro possível.