Regina Sousa diz que participação da mulher na política precisa melhorar e dá dica
Segundo a secretária, ainda há muito preconceito e barreiras econômicas, por exemplo
A secretária Estadual de Assistência Social e ex-governadora do Piauí, Regina Sousa (PT), disse que a participação das mulheres na política ainda tem que melhorar e está longe de ser o ideal. Segundo a petista, ainda existem muitas barreiras para as mulheres, como a econômica, principalmente para quem vai iniciar, e preconceitos.
"A luta das mulheres no Brasil inteiro pra chegar na política foi um caminhar, a gente ainda tá caminhando nessa direção. A gente tem sempre na nossa pauta a questão de mais mulheres na política. A mulher chegou por último, chegou depois, então, ainda tem muita restrição assim porque a mulher tem dupla jornada, ela fica: meu Deus, eu tenho filho, eu trabalho, eu vou me candidatar, como que eu vou fazer essa campanha? Então tem aqueles receios também, os medos de enfrentar uma campanha. Tem algumas que já perderam o medo e enfrentam e até se elegem. Mas não é fácil eleger também, as pessoas ainda têm muito preconceito de votar em mulher, infelizmente", disse a secretária Regina Sousa, durante entrevista ao Portal Conecta Piauí.
Em alguns pontos melhorou, mas falta mudar muito na Câmara e Assembleia, por exemplo, segundo a ex-governadora.
"Melhoramos no Congresso Nacional, mas nas Câmaras de vereadores ainda tem muita dificuldade também pra mulher. Na Assembleia Legislativa só tem três mulheres aqui. Então, precisa melhorar", completou.
De acordo com Regina Sousa, o que ajudaria a melhor seriam as votações das cotas, algo que no Brasil é muito difícil quando é relacionado à política.
"É uma caminhada. Eu sei que ainda não é o ideal, está longe de ser o ideal. O que resolveria seriam as cotas, mas o Brasil não vota as cotas. Quando eu era senadora a gente chegou a votar no Senado e aprovamos, mas chegou na Câmara o presidente sentou em cima e nunca mais ninguém falou desse assunto. Faltava votar na Câmara pra gente ter a cota. Porque tendo a cota pras mulheres, é aquele espaço garantido das mulheres. Maioria dos países do mundo tem cota pras mulheres. A Argentina bem aqui é, 40% tem que ser mulher no Congresso. A Espanha, até os ministérios, é meio a meio. Então, às vezes as mulheres são maioria, inclusive. Porque o presidente nomeia. Mas pelo menos tem que ser metade. O Brasil, é muito difícil votar cota no Brasil. Só vê as outras cotas, cotas raciais", comentou.
Uma das principais barreiras e mais difícil é a econômica. São necessários recursos para percorrer os municípios e se tornar conhecida, o que não pesa muito para os conhecidos que já estão no meio político.
“Tem muitas barreiras, inclusive econômica, porque a pessoa que já foi candidata, já foi política, foi vereador, prefeito, deputado, é mais fácil continuar na política. A mulher, pra iniciar é muito difícil porque tem a questão também do poder econômico. As eleições de hoje são muito caras. A mulher tem mais essa sensibilidade social de lidar com as coisas que outros consideram pequenas, mas são importantes pra vida da população. Os planos de governo das mulheres são mais sensíveis à causa dos pobres, por exemplo”, disse.
Qual a dica?
"Tem que ter participação social. Já não é normal pra nós, por exemplo, que as pessoas cheguem de paraquedas e apareça candidata. Normalmente não ganha, porque você não tem uma história de vida que lhe credencie. Então tem que entrar nos movimentos, tem que entrar nos Sindicatos, entrar nas associações, trabalhar com o povo, independente de ser vereador ou não. Vai trabalhando com o povo, vai criando uma base política que lhe dará credibilidade. Essa base é que vai lhe apoiar pra você ir à frente. Então, é importantíssimo que todo mundo participe de organizações. É uma candidatura mais consistente do que a candidatura que chega porque é filha do ex-prefeito. Se ela não teve vida nenhuma na participação social é mais difícil”, sugeriu Regina.