Testemunhas confirmam compra de voto por Tatiana;  R$ 2 milhões foram movimentados

O julgamento do caso Tatiana Medeiros chega ao quarto dia. Nesta quinta-feira (27/11) se encerram as oitivas com as testemunhas, tanto de defesa quanto de acusação, que iniciaram na terça. 16 testemunhas da defesa iriam depor hoje, mas três foram dispensadas. No final dos depoimentos, vão ser ouvidos a mãe da vereadora Maria Odélia de Aguiar Medeiras e o padrasto Stênio Ferreira Santos. A vereadora Tatiana Medeiros chegou ao Fórum Eleitoral por volta de 8h55. Poucos minutos antes, Maria Odélia de Aguiar Medeiros (mãe) e Stênio Ferreira Santos (padrasto) chegaram ao Fórum.

Pouco antes de iniciar a sessão desta quinta, o promotor público Mário Normando informou que, segundo o depoimento das testemunhas, está clara e comprovada a compra de votos por parte da vereadora Tatiana durante a campanha eleitoral de 2024. Durante o período, foram movimentados cerca de R$ 2 milhões de forma ilegal.

"Algumas [testemunhas], sim, confessaram que, de fato, receberam determinada importância para vender seu voto. Algumas fichas que foram apreendidas na operação Escudo-Eleitoral, que tinham o nome do eleitor, o número do título, a quantidade de votos e quando o sigilo bancário foi afastado, confirmaram que, de fato, houve a transferência desses recursos para a conta dos eleitores, além de fotos de eleitor em fila de eleição, foto de cabine de votação e comprovante de votação" , informa o promotor.

O advogado de Tatiana Medeiros, Wildes Próspero, comenta que uma prova só vale se foi obtida legalmente. Se não foi, não importa o que ela mostra, ela não pode ser usada contra o acusado.

"Como eu disse, na produção de prova, a gente tem que observar não só o resultado fim, aquilo que foi colhido, a gente também tem que saber o meio e como se chegou nessa prova. Então, o papel da defesa aqui, em especial, é fazer o controle de validade dessa prova. Se a prova for válida, ela vai ser valorada pela juíza, e, se for inválida, vai ser desempregada do processo, e ainda que tenha ali um elemento indiciário que possa indicar uma compra de votos, se o meio de obtenção dessa prova não tiver obedecido aos requisitos legais, ela obrigatoriamente tem que ser desempregada dos autos" , argumenta o advogado.

O caso envolve a vereadora Tatiana Medeiros, investigada por suposta ligação com integrantes de facção criminosa após a prisão de seu namorado, Alandilson Cardoso, em uma operação da Polícia Federal. A investigação apura possíveis relações do casal com o grupo criminoso Bonde dos 40, além da suspeita de facilitação logística e suporte ao investigado. Tatiana responde ao processo negando qualquer envolvimento e sustenta que sua atuação sempre foi dentro da legalidade. As audiências prosseguem nesta semana com a fase final de depoimentos das testemunhas listadas.