Morte de empresário estaria ligada a cobranças de agiotas em Teresina, diz polícia

A Polícia Civil do Piauí concluiu que a morte de um empresário do setor de motopeças, ocorrida no Parque Piauí, zona Sul de Teresina , pode ter relação direta com pressões exercidas por um grupo criminoso envolvido com agiotagem . O caso passou a ser tratado, diante das investigações, como resultado de coação sistemática, que teria levado a vítima a tirar a própria vida.

Segundo o delegado Leonardo Alexandre, o inquérito identificou que o empresário era alvo de cobranças constantes realizadas por integrantes de uma organização que atuava na concessão irregular de crédito . O delegado explicou que a vítima enfrentou forte pressão psicológica por parte dos cobradores.

“O nosso inquérito, ele versa sobre uma distorção praticado em relação a uma vítima lá do Parque Piauí. Essa vítima veio a cometer suicídio por conta das pressões que sofreu em razão desse grupo criminoso”, afirmou.

A investigação também identificou que o principal suspeito é um brasileiro já preso em outro procedimento do Denarc . O delegado destacou ainda a participação de estrangeiros no esquema. De acordo com ele, há o envolvimento de colombianos na cobrança ilícita.

“Durante a investigação foi perceptível a presença de pessoas estrangeiras, notadamente colombianos, que faziam parte desse grupo e estariam também atuando na coação”, relatou.

O aparelho celular da vítima foi apreendido, e as análises confirmam que as cobranças eram insistentes e intimidatórias. O delegado informou que as pressões eram direcionadas ao próprio empresário , que havia adquirido a dívida. “A pressão era direcionada especificamente para o responsável pela aquisição da dívida”, explicou.

A investigação segue na 4ª Delegacia Seccional, que vai compartilhar os dados com a Superintendência de Operações Integradas (SOI) para aprofundar a ligação dos envolvidos com outras ocorrências semelhantes registradas no estado.

Relação com dívidas em alta de juros

Na época da morte, o empresário foi encontrado em sua residência, em circunstâncias que indicavam suicídio. As apurações preliminares apontavam que ele devia mais de R$ 40 mil ao grupo de agiotas estrangeiros que atuava na região. Mensagens encontradas no celular revelaram cobranças frequentes, ameaças e comportamento que poderia caracterizar extorsão.

Operação Macondo

A morte do empresário voltou ao centro da investigação após a deflagração da Operação Macondo , realizada nesta terça-feira (11/11) pela Secretaria de Segurança Pública. A ação teve como alvo uma rede criminosa dedicada à agiotagem, lavagem de dinheiro e outros delitos, operando em várias cidades do Piauí.

Foram cumpridos 15 mandados de prisão, 18 de busca e apreensão e bloqueio judicial de R$ 5 milhões em contas dos investigados. O esquema, segundo a polícia, era composto majoritariamente por estrangeiros da Colômbia e da Venezuela . Eles ofereciam empréstimos rápidos, sem contrato, com juros que ultrapassavam 30% ao mês e cobrança diária ou semanal.

De acordo com a SOI, o grupo utilizava métodos agressivos: ameaças, destruição de mercadorias, perseguição e coação psicológica contra comerciantes e suas famílias . Há registros de desaparecimentos e de pessoas que tiraram a própria vida após não conseguirem pagar as dívidas impostas.

Procure apoio

Situações como essa mostram como é essencial contar com suporte quando surgem crises pessoais. Se você estiver enfrentando problemas emocionais ou financeiros, não tente lidar com tudo sozinho. Converse com alguém de confiança e busque acompanhamento especializado.