Águas do Piauí abre plano contra estiagem e anuncia investimentos no litoral
Em novembro, cerca de 116 municípios apresentavam deficiência no abastecimento de água
Em 2025, o Piauí enfrentou a pior estiagem dos últimos anos, resultado de um ciclo de cinco anos de chuvas irregulares que agravou a crise hídrica em todo o território estadual. Em novembro, cerca de 116 municípios apresentavam deficiência no abastecimento de água.
Diante desse cenário, a Águas do Piauí , concessionária responsável pelo abastecimento no estado, apresentou os resultados do plano de enfrentamento à estiagem, lançado em setembro, com o objetivo de amenizar os impactos da seca e garantir o fornecimento de água à população.
O secretário de Administração e da Microrregião de Água e Esgoto do Piauí (MREA), Samuel Pontes, explicou que o plano e o atual modelo de concessão estão diretamente ligados às exigências do novo marco legal do saneamento básico.
“Olha, a gente acompanha a transformação do sistema de abastecimento no país olhando sempre para o marco nacional do saneamento. Então, existe um marco legal nacional recente que colocava os estados e municípios, especialmente aos municípios que são os titulares do serviço, são eles que são os responsáveis na Concessão por prestar o serviço de abastecimento de água e tratamento de esgoto, mas os estados também. Por quê? Porque, em todo o país, as companhias que realizavam esse serviço, na sua grande maioria, eram companhias estaduais, como era o Brasil. O caso da nossa AGESPISA. Então, quando diante do marco legal se viu a impossibilidade de se fazer a prestação do serviço, os investimentos e a prestação do serviço exigido no marco legal, a AGESPISA não atendia às condições legais jurídicas que o marco legal impõe e para isso era necessário então fazer uma outra medida, uma concessão. E o poder legislativo do Piauí ao aprovar e criar a micro região de água esgoto do Piauí, ele abrangeu assim todo o território do estado de 224 municípios numa única micro região e deu a possibilidade dessa micro região tomar uma decisão que seria a concessão total dos serviços de saneamento em um único contrato. Então, o estado do Piauí compôs com uma participação minoritária de 40% dos votos, os municípios tendo 60% dos votos, compôs um modelo de concessão unificado”, disse.
Segundo a concessionária, o plano de enfrentamento à estiagem exigiu ações emergenciais, principalmente nas regiões mais afetadas pela seca, como o semiárido piauiense. O diretor executivo da Águas do Piauí , Danilo Almeida, destacou que o desafio foi garantir água potável a populações que, em muitos casos, não possuíam estrutura mínima de saneamento.
“O plano de enfrentamento de estiagem foi um plano extremamente desafiador para que nós pudéssemos levar água potável e de qualidade principalmente para uma região de extrema seca que é a região do semiárido. Nosso balanço foi extremamente positivo porque nós tivemos mais de 56 postos perfurados em todo o estado, mas especificamente para a região do semiárido, o que mais impactou foi a ativação das estações de tratamento onde nós ampliamos a vazão do semiárido em mais de 1.500 metros cúbicos hora. Então, com certeza essa água foi distribuída para toda essa população e a população que não tinha água de maneira nenhuma, ela recebeu essa água através da sua rede ou através da nossa operação com os carros pipas”, afirmou.
Danilo Almeida também citou soluções adotadas em municípios que não contam com rede de distribuição de água, como Marcolândia, onde foram implantados reservatórios móveis.
“Olha, nós temos alguns municípios no estado que não possuem a estrutura de saneamento, como rede de distribuição. Porém, Marcolândia, nós demos uma solução através da tecnologia do reservatório móvel, onde nós disponibilizamos dois reservatórios com 70 mil litros de água cada um, abastecido por pipa, onde a população podia pegar água através desses chafarizes, água potável, água que ela pudesse beber, que ela pudesse cozinhar e passar essa seca de forma mais confortável. Então, esse foi um desafio principal. Outros desafios foram chegar com os caminhões pipas e abastecer os reservatórios dessas cidades para que a água pudesse chegar via a própria rede de distribuição”, explicou.
Ao todo, o plano contemplou ações como a perfuração de poços, a construção e ativação de estações de tratamento e a disponibilização de 137 caminhões-pipa de contingência, beneficiando mais de 280 mil pessoas em todo o estado.
Para os próximos anos, a concessionária afirma que a prioridade será ampliar a capacidade de produção e distribuição de água.
“Nossa prioridade ainda é aumentar a capacidade de produção através de execuções de postos ainda, ampliação de captação e produção de água, ampliar a distribuição de água através de sistemas novos de bombeamento aonde não tem instalar e aonde tem ampliar a sua capacidade de oferta de água, então a nossa prioridade de 2026 é entregar o plano de investimento e através de um plano exequível e adequado começar as nossas execuções através dos projetos e execuções da forma operacional para que a população comece a receber essas melhorias”, disse Danilo Almeida.
Além da estiagem, a Águas do Piauí também se prepara para outro período considerado crítico para o abastecimento: a alta temporada de férias no litoral do estado. Em sete meses, cerca de R$ 37 milhões já foram investidos em quatro municípios da planície litorânea, com a instalação de novas bombas, geradores e interligações de rede.
O diretor executivo da Águas do Piauí , Célio Damásio, afirmou que as ações no litoral vêm sendo intensificadas desde o início da operação da concessionária.
“As ações são constantes. Nós estamos realizando melhorias e modernização no sistema desde maio e junho quando a gente assumiu a operação. E agora no final do ano especificamente, por período de janeiro até fevereiro do Carnaval também, nós implementamos mais bombas com mais capacidade. Nós temos a disponibilidade de etas móveis, reservatórios móveis para focar nos pontos ali que a gente sabe que existem problemas históricos. Então, a expectativa é muito positiva em relação a essas melhorias. Tanto para a população que já reside em Parnaíba, como Luiz Correia, Cajueiro da Praia, Ilha Grande, todo o litoral, como também para a população que vai vir flutuante de outros estados para curtir as férias”, afirmou.
Com as medidas, a concessionária espera reduzir os impactos da estiagem e garantir maior segurança hídrica tanto para os moradores quanto para os visitantes do estado.