Escândalo: Prefeitura de Timon sacrifica serviço público por interesses políticos

Rafael Brito decide trocar empresa de limpeza urbana por prestadora sem experiência no setor
Redação

Há poucos meses, Timon era citada como exemplo positivo em gestão de limpeza urbana. Enquanto Teresina enfrentava problemas crônicos com acúmulo de lixo e desorganização nos serviços, o município maranhense exibia ruas limpas e uma coleta eficiente que superava até a realidade da capital piauiense. Hoje, esse modelo que funcionava está prestes a ser destruído – não por incompetência técnica da empresa prestadora, mas por uma decisão política que expõe o lado mais sombrio da administração pública brasileira.

Foto: Reprodução
Rafael Brito decide trocar empresa de limpeza urbana por prestadora sem experiência no setor

A Prefeitura de Timon, sob o comando do prefeito Rafael Brito, protagoniza um episódio que evidencia como o interesse público pode ser facilmente sacrificado quando conveniências políticas entram em cena. A decisão de romper o contrato com a Naturalle Tratamento de Resíduos – empresa responsável pela limpeza urbana que vinha executando o serviço sem reclamações da população e que colocou Timon em posição de destaque regional – revela uma gestão que perdeu completamente o norte entre o que é administração pública e o que é balcão eleitoral.

A justificativa oficial apresentada pela administração municipal soa como piada de mau gosto: "dificuldades orçamentárias". Ora, se o problema é financeiro, por que não buscar renegociação, parcelamento ou outras alternativas que preservem a continuidade de um serviço essencial que estava funcionando? A resposta está nos bastidores: o que deveria ser uma decisão técnica virou moeda de troca política.

Os números são alarmantes e expõem a dimensão da irresponsabilidade administrativa. Mais de 200 empregos diretos estão em risco, dezenas de fornecedores locais podem ser prejudicados, e a dívida do município com a atual prestadora já ultrapassa os R$ 6,4 milhões – valor contestado pela própria empresa, que aponta débitos ainda maiores. Mesmo assim, o prefeito optou por romper o contrato sem apresentar nenhum estudo técnico, relatório financeiro ou plano de continuidade, deixando em risco a saúde pública e o sustento de centenas de famílias.

A Naturalle emprega diretamente essa massa de trabalhadores, movimenta a economia local e garante diariamente a coleta domiciliar, varrição e limpeza pública que fizeram de Timon referência na região. Em vez de resolver o problema das dívidas acumuladas, o governo municipal prefere entregar o serviço a uma empresa sem nome no mercado, sem frota adequada e sem qualquer expertise no setor.

Segundo informações confirmadas de bastidores, a empresa que está sendo preparada para assumir o contrato é a mesma que executa serviços no aterro sanitário da cidade – uma empresa sem histórico, sem corpo técnico especializado e com veículos antigos. Trata-se de uma decisão temerária e irresponsável, já que a coleta domiciliar e os serviços de limpeza urbana exigem planejamento logístico complexo, tecnologia adequada, controle ambiental rigoroso e cumprimento de normas federais.

Nada disso parece estar sendo considerado pela atual gestão. Esta é uma decisão que beira a negligência administrativa, pois substitui competência comprovada – aquela que colocou Timon em posição superior até mesmo à capital Teresina – por amadorismo político, colocando em risco a saúde pública de toda a população timonense.

Nos bastidores, cresce o burburinho sobre as verdadeiras motivações por trás dessa decisão. O prefeito estaria pavimentando o caminho político da primeira-dama, cotada para disputar uma vaga na Câmara Federal, e a troca de empresa faria parte de um arranjo político entre grupos locais. O contrato de limpeza teria sido "negociado" em conversas reservadas, longe dos olhos da população e dos órgãos de controle.

Como bem resumiu uma fonte próxima à administração municipal: "Não há transparência, não há critério técnico, só conveniência política". Aparentemente, a limpeza pública virou instrumento de campanha e Timon, um balcão eleitoral onde serviços essenciais são negociados como favores políticos.

A resposta da empresa: ilegalidade e arbitrariedade
A Naturalle Tratamento de Resíduos respondeu de forma contundente à tentativa de rescisão unilateral. Em documento oficial, a empresa classificou a decisão como "ato ilegal e arbitrário", destacando que o município deve mais de R$ 6,4 milhões em serviços prestados e que a rescisão viola tanto os termos contratuais quanto a Lei nº 8.666/93.

A empresa enfatizou que não foi respeitado o devido processo legal, já que a decisão veio sem contraditório, justificativa técnica ou parecer contábil que comprove as alegadas dificuldades financeiras da administração municipal. A Naturalle também denunciou o que considera uma clara burla ao procedimento licitatório, lembrando que participou regularmente de todas as etapas do certame público e agora está sendo "ilegalmente afastada da contratação" sem poder exercer seu direito de defesa.

Além disso, a empresa alertou para os custos de desmobilização, que superam R$ 1,5 milhão, incluindo verbas rescisórias, transporte e manutenção de equipamentos – valores que não foram sequer mencionados pela Prefeitura na notificação de rescisão. A Naturalle solicitou formalmente a anulação imediata do termo de rescisão e a disponibilização de todos os documentos que supostamente fundamentaram a decisão administrativa.

Apesar do impasse jurídico, a empresa informou que continuará prestando os serviços de limpeza urbana de forma integral e ininterrupta, "em respeito aos munícipes de Timon", até que haja solução definitiva para a questão.

As perguntas que ninguém quer responder
As questões que se impõem são simples, mas revelam a gravidade da situação: Por que retirar uma empresa estruturada, com resultados comprovados que colocaram Timon em posição superior até mesmo à capital Teresina, para colocar no lugar uma prestadora sem qualquer expertise? Quem realmente ganha com essa substituição? Que acordos estão sendo firmados por trás dessa decisão? Quem vai arcar com o prejuízo de milhões em dívidas e verbas trabalhistas pendentes? Por que não houve estudo técnico, parecer jurídico ou análise de impacto antes da decisão?

Essas são questões que a Câmara Municipal, o Ministério Público e o Tribunal de Contas precisam responder com urgência, antes que o lixo volte a tomar conta das ruas de Timon e a cidade mergulhe em um colapso sanitário anunciado.

Do exemplo regional ao caos sanitário
O contraste é brutal e revelador. Timon saiu de uma posição invejável – com serviços de limpeza superiores aos da capital Teresina – para caminhar rumo a um colapso anunciado. E tudo isso não por falha técnica, não por incompetência da prestadora, mas por uma decisão política que coloca interesses eleitorais acima do bem-estar da população.

O caso expõe o retrato de uma gestão que perdeu completamente o rumo ético e administrativo. Em vez de priorizar a qualidade do serviço que funcionava e o bem-estar da população, a Prefeitura de Timon prefere ceder a pressões políticas e acordos eleitorais, sacrificando o interesse público em nome de conveniências pessoais.

A verdadeira sujeira
A cidade que deveria continuar sendo exemplo de boa gestão corre o risco de afundar em um colapso sanitário, enquanto a primeira-dama se prepara para pedir votos e o prefeito silencia diante do caos que ele próprio criou. A verdadeira sujeira não está nas ruas de Timon – que ainda permanecem limpas graças à resistência da Naturalle em continuar prestando o serviço –, mas nos bastidores de uma administração que trata a cidade como propriedade particular, onde serviços públicos essenciais são negociados como moeda de troca eleitoral.

A postura da Naturalle, ao continuar prestando os serviços apesar do impasse, expõe ainda mais a fragilidade da decisão municipal, que além de juridicamente questionável, coloca em risco a continuidade de um serviço essencial à população.

Conclusão: a conta sempre cai no colo do povo
A população timonense merece respostas urgentes e uma gestão que coloque o interesse público acima de ambições políticas pessoais. Enquanto os órgãos de controle não agirem com rigor, a cidade continuará refém de uma administração que perdeu completamente a noção do que significa gerir recursos públicos com responsabilidade e transparência.
Timon tinha tudo para continuar sendo exemplo. Agora, corre o risco de se tornar mais um caso de como a política pode destruir o que funciona – e de como o interesse público é facilmente sacrificado quando conveniências eleitorais entram em cena.

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