Novo papa é acusado de acobertar abuso sexual e atacar comunidade LGBTQIA+
Ele é o primeiro pontífice nascido nos Estados Unidos e sucede o Papa Francisco
RedaçãoO cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito nesta quinta-feira (08) como novo líder da Igreja Católica, adotando o nome de Papa Leão XIV. Ele é o primeiro pontífice nascido nos Estados Unidos e sucede o Papa Francisco em um momento delicado para a instituição, marcado por debates internos sobre inclusão, diversidade e transparência.
Apesar da relevância histórica de sua nomeação, o novo papa chega ao cargo envolto em polêmicas. Enquanto liderava a Diocese de Chiclayo, no noroeste do Peru, onde atuou entre 2014 e 2023, Prevost foi acusado de má condução em um caso de abuso sexual envolvendo dois padres e três meninas, em abril de 2022. Críticos alegam que ele teria falhado em investigar adequadamente as denúncias e acobertado os religiosos envolvidos.
Em nota, a Diocese de Chiclayo negou as acusações e defendeu a atuação do então bispo. Segundo a instituição, Prevost teria acolhido as vítimas, seguido os protocolos internos da Igreja, incentivado a denúncia junto às autoridades civis e repassado os resultados das investigações aos seus superiores.
LGBTQIA+
Além das suspeitas de acobertamento, a escolha de Leão XIV também levanta preocupações entre grupos que defendem maior abertura da Igreja a temas contemporâneos, como os direitos da população LGBTQIA+. Em contraste com o tom mais acolhedor adotado por Francisco — que chegou a afirmar “Quem sou eu para julgar?” ao ser questionado sobre padres gays —, Prevost tem um histórico de declarações conservadoras.
Em um discurso feito em 2012, o então bispo criticou o que chamou de “promoção de práticas contrárias ao evangelho” pela cultura ocidental, citando diretamente o “estilo de vida homossexual” e “famílias alternativas compostas por parceiros do mesmo sexo”. Também se posicionou contra a inclusão de conteúdos sobre identidade de gênero nas escolas peruanas, classificando a chamada ideologia de gênero como “confusa”.
A nomeação de Leão XIV marca, portanto, uma possível guinada mais tradicionalista dentro da Igreja Católica, após um papado que buscou diálogos mais abertos com setores marginalizados. Resta saber como o novo pontífice irá equilibrar sua visão doutrinária com os desafios modernos de uma instituição global e cada vez mais pressionada por mudanças.