Ouro dispara e deve fechar 2025 com maior valorização em quase meio século
Alta é impulsionada por incertezas globais, corte de juros nos EUA, entre outros motivos; entendaO ouro caminha para encerrar 2025 com a maior valorização registrada em 46 anos, consolidando-se novamente como um dos principais ativos de proteção em períodos de instabilidade. Considerado um “porto seguro” do mercado financeiro, o metal precioso acumula alta próxima de 71% no ano nos contratos futuros negociados em Nova York, segundo dados da bolsa norte-americana.
A última vez em que o ouro apresentou desempenho semelhante foi em 1979, período marcado por inflação elevada nos Estados Unidos, crise energética e fortes tensões geopolíticas, como a Revolução Iraniana e conflitos no Oriente Médio. Quase cinco décadas depois, o cenário global volta a ser de incerteza, com disputas comerciais, conflitos armados e instabilidade política em diferentes regiões do mundo.
Entre os fatores que sustentam a disparada estão as tensões no comércio internacional, agravadas por tarifas impostas pelos Estados Unidos a diversos países, incluindo a China, além de conflitos como a guerra entre Rússia e Ucrânia, o acirramento das relações entre EUA e Venezuela e recentes confrontos envolvendo Israel e Irã. Historicamente, esse ambiente favorece ativos considerados mais seguros, como o ouro.
Outro elemento decisivo foi o início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos. Em dezembro, o Federal Reserve reduziu a taxa básica pela terceira vez consecutiva, levando os juros para a faixa entre 3,5% e 3,75% ao ano. Como o ouro não oferece rendimentos, ele tende a se valorizar em cenários de juros mais baixos, o que aumenta sua atratividade frente a outros ativos.
A valorização também foi impulsionada pela forte demanda de bancos centrais, especialmente o da China, que vem ampliando suas reservas de ouro para reduzir a dependência do dólar e de títulos do Tesouro norte-americano. Segundo o Conselho Mundial do Ouro, as compras globais de bancos centrais superaram mil toneladas anuais nos últimos três anos, bem acima da média da década anterior.
No início de 2025, o ouro era negociado em torno de US$ 2,6 mil por onça-troy e, no dia 24 de dezembro, atingiu US$ 4,5 mil, renovando seu recorde histórico. Projeções de instituições como o JPMorgan indicam que o metal pode ultrapassar os US$ 5 mil em 2026, após superar com folga o desempenho de índices como o S&P 500 neste ano.
Além do ouro, outros metais preciosos também registraram forte valorização em 2025. A prata acumulou alta de 146%, a platina subiu quase 150% e o paládio avançou cerca de 100%, refletindo um movimento mais amplo de busca por proteção em meio às incertezas da economia global.