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Trinta anos do Real: a história das moedas no Brasil

A história da moeda do Brasil remonta desde do descobrimento do Brasil
Redação

A moeda Real completa 30 anos de circulação. As moedas e cédulas do plano Real que foram emitidos em dia 1 de julho de 1994 completará 30 anos em 2024.

Foto: Marcello Casal jr/Agência BrasilTrinta anos do Real: a história das moedas no Brasil
Trinta anos do Real: a história das moedas no Brasil

Em 1994, o Brasil caminhava com uma hiperinflação com desvalorização do dinheiro, várias trocas e conversões já haviam sido feitas em nossa moeda. Em julho de 1994, o  Plano Real foi lançado para estabilizar a economia através de uma reforma econômica, iniciado em 27 de fevereiro de 1994 no Governo Itamar Franco que determinou o lançamento de uma nova moeda, a oitava mudança de valores no Brasil, que foi lançado oficialmente em 1º de julho de 1994, tendo toda a base monetária brasileira trocada. 

A história da moeda do Brasil, remonta desde do descobrimento do Brasil, em 1500, a moeda vigente em Portugal chamava-se real, e eram utilizadas moedas de ouro, prata e cobre.

O real continuou sendo a moeda brasileira depois da Proclamação da República. Houve tentativas de fazer com que a moeda brasileira pudesse ser convertida em ouro, mas elas esbarravam no fato de que havia várias emissões diferentes no mercado – o Banco do Brasil, o Tesouro Nacional e a Caixa de Conversão emitiam notas de mil réis.

Em 1926 houve o projeto de criar o cruzeiro de ouro, que teria sua cotação estabelecida no valor de dez mil réis. O próprio termo cruzeiro vinha do desejo de dar a moeda um nome nacional, já que real era considerado uma herança portuguesa. No entanto, o projeto foi abandonado após a crise de 1929 e a revolução de 1930. Com o desgaste do valor do padrão monetário brasileiro, o cruzeiro foi lançado em 1942 – mas, ao contrário do projeto original, não era conversível em ouro e passou a ser equiparado à antiga moeda na razão de um cruzeiro para mil réis.

A inflação continuou subindo nos primeiros anos da década de 1960 e, em 1965, o governo militar instituiu uma nova moeda – o cruzeiro novo. Ele passou a vigorar a partir de 1967, com o corte de três dígitos do antigo padrão monetário. A mesma resolução previa que a nova moeda seria, mais tarde, renomeada para cruzeiro, o que aconteceu em 1970.

Num primeiro momento, o regime militar conseguiu reduzir a inflação em relação ao que se observava antes. Durante o período conhecido como milagre econômico, o governo controlava  a inflação. Já em 1973 ocorreu Primeiro Choque do Petróleo o que resultou em mais desequlibrio, devido à pouca quantidade de divisas de que o País dispunha para importar o produto,  sendo assim, o Governo Geisel lançou o segundo Plano Nacional de Desenvolvimento PND  com investimentos em infraestrutura industrial e energias alternativas. O Projeto do  Proalcool era uma maneira de atenuar a dependência da economia brasileira do petróleo, cujo preço se espraia pela formação de todos os outros preços.  Mas veio a eclosão do Segundo Choque do Petróleo, a situação de fato saiu do controle., no  financiamento das economias periféricas, como a nossa.

Com a crise gerada pelo Segundo Choque do Petróleo e pela subida dos juros internacionais, o Brasil foi obrigado a fazer um ajuste no início dos anos 80 para controlar o Balanço de Pagamentos. As medidas levaram o cruzeiro a uma forte desvalorização, além de colocarem o Brasil  numa recessão severa. A inflação superou a marca de 100% ao ano pela primeira vez na história e passou de 200% ainda em 1984. O cruzeiro perdia cada vez mais o seu valor nominal e, em 1986, o Governo Sarney lançou um plano de estabilização que, entre outras medidas, instituía o cruzado como nova moeda brasileira.

Em 1986 o Governo Sarney lançou o Plano Cruzado. O governo anunciou um congelamento de preços por tempo indeterminado, ao mesmo tempo que concedia reajuste para os salários nominais e para o salário mínimo, tendo em vista que o congelamento se mostrou uma medida bastante inadequada para controlar a inércia inflacionária.

Quando não foi mais possível segurar o congelamento de preços, a inflação voltou a subir, superando 300% em 1987 e quase 1.000%. em 1988. O período foi marcado por vários planos de estabilização que acabaram não atingindo o objetivo: depois do Plano Cruzado, em 1986, houve o Plano Bresser em 1987. A inflação continuava alta e, por isso, já em 1989, com o lançamento do Plano Verão, foi feito um novo corte de três zeros no valor nominal da moeda e estabelecido o cruzado novo, que circulou por apenas um ano e dois meses. A inflação de 1989 foi próxima de 2.000%.

Ao assumir o governo em 1990, o Presidente Fernando Collor de Mello anunciou um novo plano econômico, que ficou conhecido pelo confisco de poupança, o Plano Collor.

. Este mesmo plano mudou novamente o nome da moeda para cruzeiro, mas o problema da inflação persistia. Em 1991 foram lançadas as cédulas de Cr$ 10 mil e Cr$ 50 mil; no ano seguinte, a de Cr$ 100 mil; e em 1993, já no governo Itamar Franco, a de Cr$ 500 mil. O Conselho Monetário Nacional tinha um projeto para lançar as cédulas de Cr$ 1 milhão e Cr$ 5 milhões, mas em agosto daquele ano houve um novo corte de zeros e entrou em vigor um novo padrão monetário, o mais efêmero da história do Brasil: o cruzeiro real.

A inflação de 1993 foi a mais alta da história do Brasil, chegando a quase 2.500% ao ano. Enquanto isso, o governo trabalhava num plano de estabilização diferente dos anteriores, estabelecido sobre três pilares: o fiscal, com o ajuste das contas públicas; a desindexação da economia, usando a Unidade Real de Valor (URV); e a âncora cambial.

.Daí veio  formulação do Plano Real, em meados de 1993, com um ajustamento das contas públicas. Para desindexar a economia, em planos anteriores foi tentado o congelamento de preços; no Plano Real, a estratégia foi acelerar os reajustes no tempo, aumentando a inflação e convergindo os valores num único superindexador, a URV.

Para desindexar a economia, em planos anteriores foi tentado o congelamento de preços; no Plano Real, a estratégia foi acelerar os reajustes no tempo, aumentando a inflação e convergindo os valores num único superindexador, a URV.

A questão cambial foi considerada importante, com a nova moeda estava ancorada no dólar. Começou com a cotação de 1 para 1, mas se apreciou e chegou a R$ 0,85 por dólar. Trata-se de um mecanismo poderoso de controle de preços, utilizado em todos os processos inflacionários crônicos

Desde a implementação do Plano Real, a inflação brasileira tem estado sob controle e apenas quatro vezes superou a marca de 10% ao ano. Com trinta anos de vigência, o real já é a segunda moeda brasileira com mais tempo de duração (atrás, apenas, do real português).

 Desde 1995 inflação  brasileira é bem comportada para os padrões históricos brasileiros e para padrões de países periféricos. Desde 1996, nunca mais superou 20% ao ano.

Hoje o Plano Real é lembrado como um ponto de virada na história da economia brasileira e o Real se consolidou como uma moeda forte e estável.

O ambiente econômico, interno e externo, também se mostrou mais estável, o que contribuiu diretamente para a retomada dos investimentos no Brasil.

Por Valmir Martins Falcão Sobrinho, Economista e Advogado

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