'Chorava e pedia a Deus pra sair', diz suspeita de envenenar crianças em Parnaíba
Lucélia deixou a Penitenciária Feminina de Teresina na noite da última segunda-feira (13/01)Após quase cinco meses presa acusada de envenenar duas crianças em Parnaíba, Lucélia Maria da Conceição, de 52 anos, foi solta após uma reviravolta no caso. Laudos periciais comprovaram que os cajus consumidos pelas crianças não estavam envenenados. Lucélia deixou a Penitenciária Feminina de Teresina na noite da última segunda-feira (13/01) e, agora, está abrigada na casa de parentes.
Enquanto isso, seu advogado está buscando uma declaração oficial de inocência, além de uma uma indenização pelo período em que esteve encarcerada. Em entrevista exclusiva à repórter Luzia Paula do Conecta Piauí nesta quarta-feira (15/01), Lucélia revelou detalhes do dia-a-dia na prisão. Em seu desabafo, ela detalha que chorava todos os dias e pedia a Deus para sair da cadeia.
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Entregou ou não sacola de cajus?
Durante a conversa, Lucélia foi questionada diretamente sobre a acusação de ter entregado os cajus envenenados às crianças. Além disso, ela contou que está vivendo com o apoio de familiares, dividindo os dias entre a casa do filho e a da filha.
“Nunca entreguei nenhuma sacola de caju para nenhum menino. Todas as pessoas que disseram estavam mentindo. Não dei e nenhum menino entrou lá em casa para pegar caju e nem subiu no muro, nenhum menino, não conheço esses meninos”, afirmou.
“Estou na casa do meu filho, aí saio de lá e vou para a casa de outro parente. Passo uns dias na casa do meu filho e outros na casa da minha filha”, contou.
Como recebeu a notícia da casa incendiada
Além de ter sido presa, Lucélia teve sua residência incendiada por populares revoltados que acreditavam que ela era culpada. “Chorei demais a notícia da minha casa incendiada, eu chorei muito, sofri muito, chorei tanto. Perdi roupas. Perdi tudo”, desabafou.
Dia a dia dentro da cadeia
Na penitenciária, a situação foi ainda mais difícil. Lucélia relembra os momentos de medo e ameaças. Segundo ela, houve um momento em que foi necessário compartilhar a cela com mais quatorze mulheres que faziam ameaças contra ela.
“Lá na penitenciária eu estava muito desprotegida. As pessoas diziam: 'matou os meninos envenenados, merece morrer também'. Diziam tanta coisa comigo. Diziam que gente assim merece morrer”, relatou.
Mesmo assim, Lucélia manteve a fé. “Eu tinha fé em Deus que ia sair dali, tinha fé em Deus e no meu advogado, tinha fé que ele iria me tirar. Sempre acreditei nele e que ele iria me tirar. Não fui agredida, só ficava ouvindo o que elas diziam comigo, mas não fui ouvida não”, contou.
Aniversário na prisão
Durante os quase cinco meses em que esteve presa, Lucélia passou por momentos de profunda tristeza e solidão. Ela relembra as datas marcantes que atravessou atrás das grades, longe da família e convivendo com a angústia de ser acusada por algo que afirma não ter feito.
“Fiz aniversário no dia 24 de setembro, fui presa com 52 anos e lá fiz 53 anos. Passar o aniversário na cadeia, Natal na cadeia e Ano Novo na cadeia... fiquei muito triste com isso. Eu chorava demais, todo dia eu chorava e pedia a Deus pra sair dali daquela cadeia. Fui presa por uma coisa que eu não fiz, todo o dia eu pedia a Deus”, desabafou.
Próximos passos
A liberdade provisória de Lucélia não encerra o processo, que segue em andamento. Segundo o advogado, há confiança de que a justiça será feita e sua cliente será inocentada.
O caso, que ainda repercute amplamente no Piauí, levanta expectativas sobre novas revelações nos próximos meses. A sociedade aguarda respostas definitivas sobre a morte dos garotos Ulisses e João Miguel