Chiquinho (União Brasil): quem é o deputado preso acusado de mandar matar Marielle
Chiquinho exerceu o cargo de secretário municipal de Ação Comunitária da prefeitura do Rio
Chiquinho Brazão, preso suspeito de mandar matar a vereadora Marielle Franco em 2018, é deputado federal pelo partido União Brasil e irmão do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão, que também foi preso suspeito de mandar matar a vereadora. Chiquinho exerceu o cargo de secretário municipal de Ação Comunitária da prefeitura do Rio até fevereiro deste ano, quando pediu exoneração após surgirem os primeiros rumores sobre sua possível participação no crime.
Chiquinho ficou apenas quatro meses à frente da pasta e depois reassumiu seu mandato na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Chiquinho Brazão foi eleito vereador do Rio pela primeira vez em 2004, aos 62 anos, e foi reeleito em 2008, 2012 e 2016. Nesta última passagem pelo Palácio Pedro Ernesto, o mandato de Chiquinho coincidiu com o de Marielle Franco, de 2017 até o assassinato, em março de 2018.
Chiquinho exerceu no plenário, a presidência da CPI dos Ônibus, convocada para investigar supostas irregularidades no transporte coletivo da cidade. Houve muita polêmica e até tumultos quando ele esteve na presidência. A CPI terminou sem maiores consequências. Chiquinho foi eleito deputado federal em , tendo renovado o mandato na eleição de 2022.
Domingos e Chiquinho Brazão convivem há tempos com polêmicas e denúncias em torno de suas atividades político-empresariais no Rio. Domingos tem envolvimento em várias suspeitas de corrupção, fraude, improbidade administrativa, compra de votos e até homicídio.
Em 2011, Domingos chegou a ter o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) por suposta compra de votos por meio do Centro de Ação Social Gente Solidária, ONG vinculada ao deputado e onde ocorreria prática de assistencialismo, de acordo com a acusação. Com liminar conseguida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele conseguiu manter o mandato.
Antes, em 2004, uma gravação indicara envolvimento de Brazão e do ex-deputado Alessandro Calazans com a máfia dos combustíveis. Em 2014, a radialista e então deputada estadual Cidinha Campos processou Domingos Brazão por ameaça. Durante uma discussão pública, Brazão teria dito que "já matou vagabundo, mas vagabunda ainda não", fazendo referência à deputada.
Ironicamente, em seu perfil no Instagram, Chiquinho destacou uma publicação sobre o Projeto de Lei nº 146/2021, de autoria dele, que prevê o uso de tornozeleira por homens que agredirem mulheres. A publicação foi feita em fevereiro deste ano.
As primeiras associações da família Brazão ao assassinato de Mariele vieram à tona ainda em 2019, quando um relatório da Polícia Federal (PF) apontou Domingos Brazão como o “principal suspeito de ser autor intelectual” dos assassinatos da vereadora e do motorista.
Segundo as informações, os investigadores do caso dizem que o pano de fundo foi um projeto de lei de autoria de Chiquinho Brazão que regularizava ocupações clandestinas. O projeto foi aprovado um dia antes do assassinato de Marielle Franco. A bancada do PSOL-RJ, partido da Marielle, votou contra o projeto, juntamente com Marielle. Apenas a região do Centro do Rio e a zona sul não faziam parte dos lotes que poderiam ser regularizados.
O entendido pelas investigações é que o caso foi de execução, devido ao trabalho da parlamentar. O motorista de Marielle, Anderson Gomes, também morreu no mesmo dia.
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Com informações do Exame