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Há separações que gritam. Outras, hoje em dia, conversam

Atualmente no Piauí, a cada três separações uma termina com guarda compartilhada
Redação

O fim de um casamento já não é, necessariamente, o começo de uma guerra. Aos poucos, o Brasil, e o Piauí de forma muito clara, vai aprendendo que terminar uma relação não precisa significar romper laços, sobretudo quando há filhos no meio dessa história. Os números ajudam a contar essa mudança de mentalidade.

Em 2024, a guarda compartilhada dos filhos menores foi concedida judicialmente em 35,26% dos divórcios no Piauí. É o maior percentual desde o início da série histórica, há uma década. Um dado que fala menos de tribunais e mais de maturidade: um em cada três casais que se separa já escolhe, ou aceita, dividir responsabilidades, decisões e afetos.

Enquanto isso, a guarda concedida exclusivamente à mulher, durante muito tempo vista como caminho quase automático, segue em queda. Em 2024, atingiu 58,19%, o menor patamar da série. A guarda exclusiva ao homem também diminuiu e apareceu em 3,35% dos divórcios. São números das Estatísticas do Registro Civil do IBGE, mas poderiam muito bem ser lidos como sinais de um novo pacto social.

No Brasil, o cenário é ainda mais emblemático. A guarda compartilhada já ultrapassou a guarda exclusiva da mãe. Em 2024, 44,6% dos divórcios concederam guarda compartilhada, contra 42,6% de guarda exclusiva feminina. A guarda exclusiva masculina ficou em 2,8%. É um retrato de um país que começa a entender que criar um filho não é tarefa de um só, nem antes, nem depois do divórcio.

Quando pai e mãe seguem presentes, mesmo em casas diferentes, quem ganha é a criança. Menos disputas, menos silêncios forçados, menos traumas carregados para a vida adulta. O que se rompe é o vínculo conjugal; o vínculo parental permanece. Talvez seja isso que esses números estejam nos dizendo, que amadurecer também é aprender a terminar. E que, às vezes, a melhor herança que um casal pode deixar aos filhos não é a permanência a qualquer custo, mas a capacidade de separar sem destruir.