O Atlético Piauiense Feminino no ranking da CBF
A CBF, com seus cálculos implacáveis, confirmou aquilo que a arquibancada já intuíaHá feitos no futebol que não cabem apenas nos números, porque têm a textura dos milagres domésticos, desses que a gente assiste de perto, sem fogos, mas com a convicção íntima de que alguma divindade secreta passou por ali. O Atlético Piauiense feminino, o popular Cavernão, acaba de protagonizar um desses milagres: pela primeira vez na história, surge no Ranking Nacional de Clubes da CBF. E não surge tímido, envergonhado, pedindo licença. Surge no 43º lugar entre 112 clubes, como quem pisa num salão iluminado sabendo exatamente a grandeza que carrega.
E pensar que o CAP, criatura de 2019, tem versão feminina há menos de três anos. Um bebê no berçário do futebol brasileiro — mas desses bebês prodígio, que já chutam antes de engatinhar e que deixam a plateia boquiaberta. Em 2025, as meninas do Atlético disputaram 25 partidas e perderam apenas três. E dessas façanhas nasce o improvável: o inédito título brasileiro da Série A3, o vice-campeonato piauiense e uma campanha digna de romance épico na Copa do Brasil, até as oitavas de final.
Pois a CBF, com seus cálculos implacáveis, confirmou aquilo que a arquibancada já intuía: o Atlético Piauiense é hoje uma força que não cabe mais na fronteira do estado. O ranking revela: o Cavernão ficou à frente de Coritiba, Criciúma e Náutico. É, oficialmente, a oitava melhor equipe nordestina do futebol feminino. E ainda deu um empurrão no Piauí dentro da federação nacional: o estado subiu da 20ª para a 19ª posição, ultrapassando o Maranhão, essa pequena vingança geográfica que faz o torcedor sorrir sozinho no ônibus.
A lista, aliás, tem seus gigantes: o Corinthians, atual campeão brasileiro, é o líder com 14 mil pontos; o Palmeiras, soberano da Copa do Brasil, vem em segundo. Mas no meio desse Olimpo da bola, o Atlético marca dois mil pontos em um único ano. Dois mil, é como se cada suor, cada dividida, cada gol tivesse peso de ouro na balança da CBF.
E o futuro? Ah, o futuro é desses que fazem o narrador suspender a respiração. Em 2026, o CAP entra na Série A2, que começa em 14 de março. Lá encontrará Vasco, Vitória, Paysandu, Sport, Taubaté, Avaí Kindermann e outros tantos adversários que, sem saber, já estão destinados a cruzar com essa equipe que insiste em contrariar a lógica. E não é só: tem ainda Copa do Brasil e Campeonato Piauiense no segundo semestre, um calendário onde cada partida pode ser o próximo capítulo dessa epopeia sertaneja.
O Atlético Piauiense não apareceu no ranking da CBF. Irrompeu. E como toda boa história do futebol, esta também começa do nada e promete terminar no infinito. O Cavernão, enfim, saiu da caverna. E o Brasil inteiro agora é obrigado a enxergar.