Ano passado, o piauiense voltou a fazer as malas. Voltou a ocupar aeroportos, rodoviárias e estradas. Voltou a olhar o mapa e escolher um ponto qualquer onde o vento soprasse liberdade. Depois de anos de pandemia, de portas fechadas e horizontes encurtados, o Piauí provou que carregar o mundo na mochila também é uma forma de recomeçar. Foram 63 mil viagens de lazer feitas pelos piauienses em 2024, um salto de 75% em relação a 2021, quando apenas 36 mil aventuras foram registradas.

É como se cada passo fosse um reencontro com a vida. Um número que acompanha a retomada nacional: no Brasil, as viagens de lazer chegaram a 7 milhões, quase o dobro do registrado três anos antes. Os dados são do Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC), do IBGE. E para onde foi esse povo ansioso por viver de novo? A resposta tem cheiro de maresia.

Mais da metade das viagens, 35 mil, ou 55,56%, teve como destino locais de sol e praia. É a força do litoral nordestino, da água quente que abraça, das ondas que contam histórias que nenhum livro seria capaz de traduzir. O piauiense buscou o mar como quem busca cura. Mas não foi só a praia que chamou. Cerca de 14 mil viagens (22,22%) tiveram como objetivo viver a natureza: trilhas, cachoeiras, ecoturismo, aventura. É aquele Brasil profundo, verde, vivo, o Brasil que pulsa no interior.

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Outros 11 mil viajantes (17,46%) partiram motivados pela cultura e pela gastronomia. Gente que viaja para provar um prato típico, visitar um museu, escutar uma nova música, sentir o sabor do mundo. E, claro, ainda houve espaço para destinos que escapam das rotas tradicionais, 3 mil viagens (4,76%) com propostas de lazer diversas, do descanso absoluto à descoberta inesperada.

O Brasil, como um todo, seguiu o mesmo movimento: praias no topo, cultura e gastronomia logo atrás, e a natureza como refúgio para milhões. Da mesma forma, o sol segue sendo destino certo para 3,1 milhões de brasileiros, enquanto 1,7 milhão se deixa seduzir pela arte e pelos sabores, e 1,5 milhão busca aventuras ao ar livre. Esses números são mais do que estatísticas. São sinais de um país que reaprende a se mover. De um Piauí que olha para o mundo com curiosidade renovada.

E enquanto os dados do SIIC avançam na compreensão dos hábitos culturais do brasileiro, incluindo turismo, comércio exterior da cultura, MEIs e até a formação profissional no setor, o que eles revelam, acima de tudo, é simples, o piauiense está viajando mais, vivendo mais e permitindo-se sonhar de novo. E isso, no fim das contas, é o que mantém qualquer jornada viva.