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Distribuidora no Piauí ligada ao PCC seria base para abastecer estados do Nordeste

A unidade seria usada para movimentar combustível adulterado e disfarçar a origem de recursos

A Polícia Civil do Piauí revelou que a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) consolidou uma estrutura de lavagem de dinheiro e fraudes bilionárias no mercado de combustíveis do estado. O esquema, segundo relatório do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), envolvia empresários locais e fundos de investimento ligados a grupos financeiros de São Paulo.

Foto: Conecta PiauíOperação Carbono Oculto 86
Operação Carbono Oculto 86

A investigação aponta que o PCC usava o Piauí como ponto estratégico para ampliar suas operações no Nordeste e construir uma base logística de distribuição de combustíveis voltada a abastecer outros estados da região.

Núcleo financeiro da facção no Piauí

De acordo com as investigações, a facção operava por meio de uma rede de empresas de fachada, holdings e fintechs criadas para movimentar e ocultar recursos de origem ilícita. Essas companhias assumiram o controle de postos e distribuidoras em vários municípios piauienses, inclusive de grandes redes conhecidas na capital e no interior.

Foto: Conecta PiauíOperação Carbono Oculto 86
Operação Carbono Oculto 86

A base dessa operação foi identificada após a venda da Rede de Postos HD, um conglomerado com dezenas de unidades no Piauí, Maranhão e Tocantins. A compradora, Pima Energia Participações Ltda., foi aberta menos de uma semana antes da transação, o que despertou a atenção dos investigadores.

Esquema empresarial e conexões com São Paulo

A Polícia Civil constatou que a estrutura empresarial usada no Piauí replicava o modelo nacional de lavagem financeira do PCC.

Foto: Divulgação/SSP-PIFórmula usada para adulteração dos combustíveis
Fórmula usada para adulteração dos combustíveis

Empresas registradas na Avenida Paulista, tradicional centro financeiro de São Paulo, surgiram com capital social incompatível com o volume de negócios que passaram a realizar. Algumas delas tinham sócios interligados a operadores já investigados em outras fases da Operação Carbono Oculto, que desmontou um esquema de R$ 52 bilhões em fraudes e lavagem de capitais.

Foto: Conecta PiauíOperação Carbono Oculto 86
Operação Carbono Oculto 86

Entre os nomes citados na investigação estão empresários piauienses Haran Santhiago Girão Sampaio e Danillo Coelho de Sousa, ex-proprietários da rede HD, além de Denis Alexandre Jotesso Villani, ligado à Rede Diamante, grupo que assumiu o controle de diversos postos no Piauí e Maranhão.

Construção de distribuidora e lavagem em larga escala

O relatório aponta que o grupo estava construindo uma distribuidora de combustíveis na rodovia que liga Teresina ao município de Altos, projetada para funcionar como um centro regional de abastecimento. A unidade seria usada para movimentar combustível adulterado e disfarçar a origem de recursos enviados a empresas controladas pelo PCC em outros estados.

Foto: Reprodução/SSP-PIDistribuidora no Piauí ligada ao PCC seria base para abastecer estados do Nordeste
Distribuidora no Piauí ligada ao PCC seria base para abastecer estados do Nordeste

A operação identificou mais de 70 CNPJs relacionados direta ou indiretamente ao grupo, com movimentações financeiras atípicas que somam R$ 5 bilhões em todo o esquema, sendo R$ 300 milhões apenas no Piauí. Também foram detectadas transferências diretas de valores entre investigados locais e empresas controladas por laranjas da facção paulista.

Modus operandi da organização

As investigações apontam que o PCC utilizava uma série de mecanismos para dar aparência legal às transações.

Entre os principais métodos identificados estão:

  • Criação de holdings e fundos de investimento para mascarar beneficiários finais;
  • Aquisição de postos de combustíveis por empresas recém-criadas em São Paulo;
  • Substituição de bandeiras comerciais sem alteração operacional real;
  • Emissão de notas fiscais sobrepostas e adulteração de combustível para aumentar lucros e justificar movimentações financeiras;
  • Uso de fintechs e contas interligadas para dificultar o rastreio dos valores.
Foto: Conecta PiauíOperação Carbono Oculto 86
Operação Carbono Oculto 86

Essas práticas resultaram em evasão fiscal milionária e concorrência desleal no mercado, prejudicando empresas regulares e consumidores.

Prejuízos e riscos à sociedade

Segundo o dossiê, o grupo promovia venda de combustíveis adulterados, o que representa risco direto aos consumidores e danos ambientais. Além disso, o controle territorial e econômico sobre o setor ampliava o poder financeiro do PCC no Nordeste, ameaçando a livre concorrência e a estabilidade do mercado regional.

Medidas judiciais e operação policial

Com base nas provas reunidas, a Polícia Civil do Piauí obteve da Justiça a interdição de 49 postos de combustíveis nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins.

Também foram decretados:

  • Bloqueio de contas bancárias e bens avaliados em R$ 348 milhões;
  • Prisão temporária de suspeitos;
  • Busca e apreensão em residências e sedes empresariais;
  • Suspensão de licenças e notas fiscais de companhias investigadas.

Durante as ações, a polícia apreendeu veículos de luxo, incluindo um avião particular e um Porsche avaliado em mais de R$ 550 mil.

Foto: Divulgação/SSP-PIOperação Carbono Oculto 86
Operação Carbono Oculto 86

Conclusão: o braço econômico do PCC

A investigação conduzida pelo DRACO mostra que o PCC consolidou no Piauí uma célula financeira estruturada, com autonomia para movimentar grandes valores e expandir negócios ilícitos sob disfarce empresarial.

Foto: Conecta PiauíOperação Carbono Oculto 86
Operação Carbono Oculto 86

O relatório classifica o caso como uma das maiores operações econômicas já realizadas pela segurança pública piauiense, sendo um avanço no combate à infiltração do crime organizado em setores formais da economia.

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