Flagrante: pedintes organizam esquema e revendem doações em Teresina
Série de reportagens do Piauí TV 2 revela esquema de mendicância organizada na capitalGrupos de pedintes estão atuando de forma organizada em Teresina, na porta de supermercados, sinais e outros estabelecimentos. O esquema foi descoberto e noticiado através uma série de reportagens produzidas pela TV Clube e exibidas no programa Piauí TV 2ª Edição.

Os esquemas consistem em pedir produtos para os clientes de supermercados e revendê-los para mercados menores a preços impraticáveis. Em um dos casos noticiados pelas reportagens, um homem é flagrado pedindo leite na porta de uma farmácia da zona Leste de Teresina, alegando ser para seu filho. Ele segura uma placa de isopor com os dizeres "bom dia, preciso de ajuda, tenho um filho". O produtor da reportagem se passa por um cliente do supermercado e é abordado pelo homem, que pede por uma ou duas latas de leite integral.
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O pedinte, após receber a lata de leite, se encaminha até um mercado menor, próximo à farmácia onde estava, e revende o produto por um valor bem menor. A lata de leite, que na farmácia custou quase R$ 40,00, foi vendida por R$ 14,00 pelo homem.

Em um semáforo próximo do estabelecimento, uma mulher é vista pedindo para os condutores que passam em seus veículos com uma placa na mão. Ao abordar um produtor da TV Clube em seu carro, a mulher diz que precisa de dinheiro para comprar gás de cozinha para sua casa, detalhando até o valor necessário: R$ 110,00 que poderiam ser transferidos via Pix.
Dr. Caio Almeida, advogado especialista em direito do consumidor, explica que, apesar da prática de mendicância não ser mais considerada crime no Brasil desde 2009, a atuação em conjunta de um grupo que lucra em cima da prática pode ser interpretada como uma associação criminosa, o que pode levar a uma investigação e pena aos envolvidos.

Em outro caso, exibido no segundo episódio da série, um grupo que atua todos os dias na porta de um supermercado na zona Leste da capital é flagrado. Uma mulher diz estar desempragada e pede por alimentos dizendo ter dois filhos gêmeos de nove anos. Ela pede por um frango para poder almoçar com os filhos em casa e, ao receber o produto, deixa ele junto a outras mercadorias, em um carrinho do supermercado, conseguidas através de mendicância.

Em um semáforo perto do supermercado uma mulher acompanhada de uma criança se alocam e começam os trabalhos de mendicância. A criança é orientada a deitar no chão da calçada, debaixo de uma árvore, enquanto a mulher segura uma placa de isopor. A placa também usa para esconder um celular sempre que precisa mandar mensagens. Enquanto usa o aparelho, ela é abordada por um produtor da série e pede para que ele compre produtos no supermercado. Ao ser questionada do porquê de não estar no local, ela diz que é proibida de estar lá pela gerência do estabelecimento.

Porém, horas mais tarde, a mesma mulher é vista no supermercado, no local da primeira pedinte. Desta vez a criança que a acompanhava está de pé e também pede por alimentos aos clientes. O revezamento de atividades é comprovado mais uma vez quando um homem é visto cobrando pelo estacionamento do estabelecimento, que é privativo. Quando ele não está no local, as mulheres que atuam como pedintes na porta do comércio se revezam e fazem a captação do dinheiro dos clientes que saem em seus carros. Em seguida, repassam os valores para o homem que atua como flanelinha.
O uso dos celulares pelos pedintes é constante, porém, sempre feito de forma discreta. O revezamento de funções também é feito de forma organizada para não levantar suspeitas, porém, a formação de um grupo que atua com a prática da mendicância para tirar vantagem de populares com o ato é constatado.