Justiça escuta homem acusado de matar ex-esposa e enteado queimados em Altos

Conecta Piauí realizou uma cobertura aprofundada do caso, trazendo detalhes da audiência

28 de Novembro de 2024 às 13:04 - Atualizado às 15:25

Nesta quinta-feira (28/11), a cidade de Altos acompanhou o desdobramento de um dos crimes mais brutais deste ano. A 1ª Vara da Comarca local recebeu, a audiência de instrução e julgamento de Marcos Fortes de Sousa, conhecido como “Marcos Pipoca”. Ele é acusado de matar a ex-esposa Helioene de Andrade Pinheiro, de 36 anos, e o enteado Flávio Henrique de Andrade Pereira, de 14, além de ferir gravemente outras duas pessoas durante um ataque incendiário ocorrido em maio deste ano.

Foto: Reprodução

Suspeito de matar ex-companheira em Altos

O Conecta Piauí realizou uma cobertura aprofundada do caso, trazendo detalhes da audiência, relatos de testemunhas e imagens do local onde o crime aconteceu. Os depoimentos dos familiares de Helioene Viana reforçam a brutalidade do crime e o impacto devastador deixado por Marcos Fortes de Sousa na vida das vítimas e seus entes queridos.

Foto: Pedro Melo/ Conecta Piauí Caso Helioene Viana - Altos (PI)

Audiência de instrução e julgamento de Marcos Fortes de Sousa,

Socorro Viana, tia de Helioene, expressou sua indignação com a possibilidade de liberdade do acusado, destacando que apenas a recusa dos familiares em recebê-lo impediu que ele fosse solto.

“Nós estamos pedindo justiça porque há 15 dias atrás ele teve uma liberdade, ele tinha que ficar em casa e tal, ele só porque a família não quer ele, ninguém quer ele. Então, se a família tivesse aceitado, o Marcos hoje estava solto, ia ser solto. Aí a gente tá se movimentando porque nós precisamos que ele fique na cadeia pra ele pagar pelo que ele fez. Ele matou duas pessoas, destruiu a vida da minha irmã, da minha sobrinha e nós estamos lutando para que o Marcos pague pelo que ele fez, o crime dele foi tão forte. Ele matou ela, jogou gasolina nela, primeiro ele atirou, ele achou pouco, passou uma faca no pescoço dela, degolou o pescoço da minha sobrinha, achou pouco, jogou gasolina e tocou fogo nela viva, ela ainda estava viva, se batendo quando ele queimou ela. Uma pessoa dessa, ele não pode viver em sociedade, ele pode fazer com outras pessoas”, disse Socorro.

Foto: Pedro Melo / Conecta Piauí Caso Helioene Viana - Altos (PI)

Socorro Viana, tia de Helioene

Luiz Reginaldo, irmão de Helioene, enfatizou a destruição emocional e física causada pelo crime. Ele relata não conseguir voltar à casa onde ocorreu o ataque, tamanha é a dor provocada pela memória do ocorrido.

“Eu vim para cá para pedir justiça, peço que ele fique preso lá onde ele está. Eu peço só que o juiz dê uma sentença a ele muito grande. E ele fique lá para ele pagar o que ele fez, ele acabou com a família inteira. Nunca mais pude passar na casa da minha mãe fechada, está tudo queimado, nunca mais pude ir lá porque a destruição lá é grande. Então eu quero que ele pague por isso, peço justiça e tem a justiça do homem e tem a justiça de Deus”, disse Luiz Reginaldo.

Foto: Pedro Melo / Conecta Piauí Caso Helioene Viana - Altos (PI)

Luiz Reginaldo, irmão de Helioene

Joana de Andrade Pinheiro, outra irmã de Helioene, descreveu o momento trágico em que viu sua irmã ser atingida pela gasolina e cair na cama. “Eu vi tudo lá, que ele colocou a gasolina nela, aí ela caiu em cima da cama. Aí não se levantou mais, ela se levantou na carreira e caiu no meio da casa, aí morreu”, disse Joana.

Foto: Pedro Melo / Conecta Piauí Caso Helioene Viana - Altos (PI)

Joana de Andrade Pinheiro, irmã de Helioene

Antônio Francisco, irmão de Helioene, traz detalhes adicionais sobre o momento em que Marcos invadiu o local. “Ela tava aqui ajeitando o quarto da criança e minha outra irmã tava aqui ao lado. Ele chegou com um litro de gasolina e jogou no quarto e deu um tiro, esse tiro incendiou. E aí ela se apegou mais ele e vinha pra cá, pra fora, ele arrastou o punhal e degolou o pescoço dela. E aí depois disso, o resto de gasolina ele roubou nela e tocou fogo. A criança chegou, viu a mãe dele incendiando e se agarrou com a mãe dele. Aí muitos pegaram a criança, mas quando pegou a criança ela já estava morta”, disse Antônio Francisco.

Foto: Pedro Melo / Conecta Piauí Caso Helioene Viana - Altos (PI)

Antônio Francisco, irmão de Helioene

SOBRE O CRIME

Na noite de 3 de maio, Marcos teria invadido a casa da ex-esposa, localizada no centro de Altos, por não aceitar o término do relacionamento. Ele ateou fogo no imóvel, onde estavam Helioene, o filho dela, Flávio, a mãe de Helioene, Maria do Desterro Mota Pinheiro, de 84 anos, e a irmã dela, Joana de Andrade Pinheiro, de 57 anos.

Helioene e Flávio morreram em decorrência das queimaduras, enquanto Maria do Desterro e Joana sofreram ferimentos graves, com mais de 30% de seus corpos atingidos pelo fogo.

Foto: Pedro Melo / Conecta Piauí Caso Helioene Viana - Altos (PI)

Casa após o crime brutal

Após o crime, Marcos tentou tirar a própria vida, cortando o pescoço com uma lâmina. No entanto, ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e levado ao Instituto de Saúde José Gilbarbosa, onde ficou sob escolta policial.

A cena do crime foi marcada por tensão: familiares e amigos das vítimas se aglomeraram na frente do hospital, tentando atacar Marcos.

Foto: Pedro Melo / Conecta Piauí Caso Helioene Viana - Altos (PI)

Casa após o crime brutal

DESDOBRAMENTOS DO CASO

Marcos Fortes de Sousa foi denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de:

Feminicídio contra Helioene;
Homicídio qualificado contra Flávio Henrique;
Dupla tentativa de homicídio contra Maria do Desterro e Joana.

Após receber alta do hospital, ele foi encaminhado à Cadeia Pública de Altos, onde permaneceu até outubro, quando recebeu a prisão domiciliar. Entretanto, nenhum familiar aceitou acolhê-lo, e ele segue sob custódia das autoridades.

Foto: Pedro Melo / Conecta Piauí Caso Helioene Viana - Altos (PI)