Lucro dos pequenos negócios atingiu recorde em 2024, aponta FGV
Empreendedorismo ganhou força no mercado de trabalho brasileiro com impulso de políticas públicas
O empreendedorismo vem se consolidando como um dos principais motores do mercado de trabalho no Brasil, impulsionando a geração de renda ao lado do emprego formal. É o que revela um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social, que destaca o nível recorde nos lucros dos pequenos negócios no final de 2024.
"Vemos que a integração entre programas sociais e o incentivo ao empreendedorismo formam uma combinação poderosa para impulsionar a economia e reduzir as desigualdades. Como mostra a FGV, o pequeno negócio nunca lucrou tanto, gerando renda e oportunidades”, comemorou Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
De acordo com Marcelo Neri, pesquisador da FGV e responsável pela análise, os dados mostram que o empreendedorismo se tornou um protagonista na economia, complementando o papel histórico da carteira assinada como símbolo de ascensão social. “A gente, quando olha as séries, vê que o lucro do pequeno negócio está subindo. Nunca foi tão alto quanto no final de 2024, que é o último ponto da série”, frisou.
Para ele, o crescimento apresentou características sólidas. “Não apenas as fotografias, mas as trajetórias individuais do trabalhador em geral, e do empreendedor em particular, apresentaram a menor probabilidade de regressão da série histórica”, completou Neri.
O estudo ressalta a importância de políticas como o Programa Acredita no Primeiro Passo, lançado pelo Governo Federal no ano passado, para a ampliação do acesso ao microcrédito e para a capacitação profissional de empreendedores.
“Quando políticas públicas capacitam e incentivam quem busca seu sustento por conta própria, criamos um ciclo virtuoso: mais empregos informais se formalizam, mais talentos se realizam e o país cresce com justiça social", refletiu Wellington Dias, titular do MDS.
Marcelo Neri destacou ainda que, embora o emprego formal continue sendo uma força motriz da economia – por gerar estabilidade e incluir benefícios como vale-alimentação e transporte, seguro-desemprego, FGTS, entre outros –, o empreendedorismo precisa de mais apoio para crescer.
“O caminho é fazer políticas, como por exemplo, o Acredita, que ataca o microcrédito e a questão da qualificação profissional”, pontuou. Segundo Neri, é necessário criar um ecossistema que incentive o empreendedorismo em todas as camadas da sociedade, fortalecendo desde microempreendedores até pequenas e médias empresas.
“Eu diria que talvez esse seja o grande desafio: não só políticas para a base da distribuição, mas para o meio da distribuição, para incentivar a inserção produtiva da chamada Classe C, que também esteve em alta em 2024”, detalhou o pesquisador.
IMPACTO DO ACREDITA
Os dados mais recentes do Programa Acredita no Primeiro Passo, referentes a fevereiro de 2025, demonstram seu impacto. O valor total contratado até aquele mês foi de R$ 726,42 milhões, em mais de 87 mil operações de crédito realizadas
Entre os principais agentes financeiros do programa, destaca-se o Banco do Nordeste (BNB), responsável pelo maior volume de operações, com mais de 86 mil contratos, e pelo maior valor contratado, R$ 720,8 milhões.
Outros agentes financeiros são o Banco da Amazônia (Basa), com 565 operações e R$ 2,26 milhões em empréstimos, além das agências de fomento do Pará, Piauí e Rio Grande do Norte.
O Acredita no Primeiro Passo oferece crédito a juros baixos, por meio dos parceiros financeiros, possível graças a um fundo garantidor constituído pelo Governo Federal que diminui os riscos das operações.
Além disso, a iniciativa oferece participação em cursos e o acesso ao microcrédito produtivo orientado. Também há eixos para a inserção no mercado de trabalho formal e para a qualificação profissional. As ações são voltadas para o público do Cadastro Único.