Fóssil de camarão com cerca de 90 milhões de anos é descoberto no Piauí

O fóssil, que recebeu a denominação de Somalis piauienses
Naiane Feitosa

O professor do Curso de Ciências Biológicas, Paulo Victor de Oliveira, do Campus Senador Helvídio Nunes de Barros (CSHNB), em Picos, da Universidade Federal do Piauí (UFPI) descobriu um novo gênero e espécie de camarão a partir de um fóssil com aproximadamente 90 milhões de anos.

O fóssil, que recebeu a denominação de Somalis piauienses, é oriundo do município de Caldeirão Grande do Piauí, 435 km da capital Teresina, e foi localizado na porção oeste da Bacia do Araripe.

Foto: Divulgação/ UFPI-Campus Picos
Camarão fóssil com aproximadamente 90 milhões de anos

Trata-se, portanto, do primeiro camarão fóssil encontrado em território piauiense e o primeiro encontrado na borda oeste da Bacia do Araripe. A descoberta também aconteceu ao lado da professora Olga Alcântara Barros, docente da Universidade Regional do Cariri (URCA).

Professores Paulo Victor e Olga Barros descobrem nova espécie de camarão

Foto: Divulgação/ UFPI-Campus Picos
Professores Paulo Victor e Olga Barros descobrem nova espécie de camarão

Segundo o professor Paulo Victor, a descoberta é importante por se tratar tanto de um novo gênero quanto de uma nova espécie.

“Essa descoberta amplia a diversidade fossilífera da Bacia do Araripe como um todo. Há 10 anos, tenho trabalhado na borda oeste desta bacia aqui no Piauí. Durante esse tempo, vários alunos passaram pelo Laboratório de Paleontologia de Picos, que é vinculado ao curso de Ciências Biológicas da Universidade do referido campus. Em uma das viagens de campo à procura de fósseis, com a participação de alguns alunos, encontramos esse material que hoje apresentamos à sociedade e à comunidade acadêmica”, destacou.

O ato inédito dos pesquisadores rendeu publicação no periódico internacional ZOOTAXA. A pesquisa foi financiada em parte pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) e pelo edital Mulheres na Ciência.

“Agradecemos a UFPI e a URCA pela infraestrutura disponibilizada e a FUNCAP (agência do governo do estado do Ceara) por fomentar parte da pesquisa”, acrescenta o pesquisador.

A partir disso, o trabalho foi apresentado à comunidade nessa quarta-feira (03/05), no Auditório Severo Eulálio, no Campus de Picos. Já nesta quinta-feira (04/05), o artigo ganha uma nova exposição, desta vez no Auditório do Geopark Araripe, na Cidade de Crato (CE).

Camarão Somalis Piauiensis

Com a descoberta, os pesquisadores homenageiam a paleontóloga Maria Somália Sales Viana, professora da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA, Sobral, Ceará), em reconhecimento a sua extensa contribuição aos estudos de geologia e paleontologia da Bacia do Araripe e do Brasil. Desta forma, a descoberta é inédita para a paleontologia mundial, ampliando a diversidade dentro do grupo de camarões fósseis.

O professor Paulo Victor também explica sobre a idade de 90 milhões de anos do camarão. “As rochas apresentam em sua composição alguns elementos chamados isótopos estáveis. É possível saber a idade da rocha e dos fósseis que estão inseridos nelas, através do estudo desses isótopos. As rochas que compõem o território nacional, quando este foi mapeado geologicamente, foram sendo datadas (tiveram a idade definida) através de estudos dessa natureza”, disse.

O professor Paulo Victor de Oliveira, coordena o Laboratório de Paleontologia de Picos, onde desenvolve pesquisas paleontológicas no Piauí há 10 anos. O laboratório é vinculado ao Núcleo de Pesquisas Naturais do Semiárido do Piauí (NUPECINAS).

A professora Olga Alcântara Barros é pesquisadora visitante no Museu de Paleontologia da URCA, Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, Ceará, e coordena o Laboratório de Imagem (LAGEM-URCA).

Fonte: UFPI-Campus Picos

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