Lula critica proposta da UE para acordo com Mercosul antes de viagem a Paris
Presidente diz que países da UE não cumprem regras de outros acordos estabelecidos
RedaçãoO presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou sua discordância e insatisfação em relação à proposta da União Europeia (UE) para o acordo de livre comércio com o Mercosul em uma entrevista concedida em Roma antes de sua viagem para Paris.
Segundo a proposta, haveria punições para aqueles que não cumprissem os termos do Acordo de Paris, tratado internacional sobre mudanças climáticas adotado em 2015.
Ele criticou a postura da União Europeia, declarando que “a carta adicional que a União Europeia mandou para o Mercosul é inaceitável [...], nem eles cumpriram o Acordo de Paris, ou seja, os países ricos não cumpriram o Acordo de Paris, não cumpriram o Protocolo de Kyoto, não cumpriram a decisão de Copenhague, então é preciso que a gente tenha um pouco mais de sensibilidade, um pouco mais de humildade. Nós estamos preparando a nossa resposta para a União Europeia, para fazermos um acordo que favoreça os dois continentes”..
Em Paris, Lula terá uma reunião bilateral com o presidente francês, Emmanuel Macron, para discutir a recente aprovação pela Assembleia Nacional da França de uma resolução contrária à ratificação do acordo Mercosul-UE. O presidente brasileiro considerou a medida bastante rigorosa.
Em sua fala, Lula pontuou que a França é muito rígida na defesa de seus interesses agrícolas, contudo, ressaltou o interesses de outros países em defender suas próprias agriculturas. "É preciso que cada um abra mão do seu perfeccionismo e do protecionismo também para que possamos construir a possibilidade de um acordo que melhore a situação da União Europeia e da América do Sul”, complementou.
Além disso, Lula defendeu a realização de alterações em pontos do acordo de livre comércio relacionados a compras governamentais.
O acordo Mercosul-UE, aprovado em 2019 após 20 anos de negociações, ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países dos dois blocos para entrar em vigor. Dado o envolvimento de 31 países na negociação, é possível que esse processo leve anos e enfrente resistências.