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30 anos do Plano Real: economista comenta moeda que mudou a vida de brasileiros

O economista Valmir Falcão encaminhou ao Conecta Piauí, um artigo falando sobre essa mudança

Três décadas após o lançamento do Plano Real, comemorado nesta segunda-feira (01/07), a inflação acumulada no período foi de 708%, segundo a calculadora do Banco Central (BC).

Em termos práticos, isso quer dizer que algo que se comprava com R$ 1 a partir de julho de 1994 equivale a atuais R$ 8,08, com base na última divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em maio.

Foto: Stefanny Sales / Conecta PiauíValmir Martins Falcão Sobrinho
Valmir Martins Falcão Sobrinho

O economista Valmir Falcão encaminhou ao Conecta Piauí, um artigo falando sobre essa mudança.

O REAL-  A MOEDA QUE CHEGA A 30 ANOS
No último dia 12 de junho do ano em curso, publiquei nesta coluna o artigo “ 30  anos do  real e a história das moedas no Brasil” . Hoje voltaremos ao tema para mostrar o que ocorreu nos bastidores da implantação do Plano Real e, como a moeda real se consolidou com mais tempo em circulação no Brasil.  (Atrás apenas do real português).

No início de julho de 1994, havia incertezas, os  detalhes do cotidiano com a nova equipe econômica á época, , os sinais que apontassem se o plano daria certo ou se seria apenas o próximo a fracassar, como tantos outros que foram apresentados á sociedade brasileira.

O Plano Real, de fato, representou a mais bem-sucedida cruzada econômica da história do Brasil, um ponto de virada que exterminou a hiperinflação do período, trouxe estabilidade monetária e permitiu, com o passar dos anos, que milhões de brasileiros passassem a levar uma vida melhor.

Os Economistas, Empresários, Trabalhadores e toda a Sociedade Civil viviam sob uma esperança e descrença com os planos anteriores, com a inflação em 50% ao mês. Pois bem, com o choque do real a inflação caiu para 6% no fim de julho  e com um ano para 2%.

Tudo começou quando Fernando Henrique Cardoso, que ocupava o cargo de Ministro das Relações Exteriores quando foi convocado elo Presidente Itamar  Franco para a Fazenda em maio de 1993 que montou a equipe,  com os técnicos de vários pensamentos econômicos, entre eles: Pedro Malan no Banco Central  e, uma equipe de Economistas notáveis que, além de Gustavo Franco, incluía André Lara Resende, Pérsio Arida, Edmar Bacha, Winston Fritsch e Murilo Portugal. A primeira grande missão do grupo era combater os aumentos galopantes dos preços.

Foi uma ideia revolucionária. A tese propunha indexar a moeda podre a uma referência fixa, paralela e com lastro próprio, numa espécie de taxa de câmbio imaginária. Foi o que, em 1994, virou a Unidade Real de Valor (URV), a moeda virtual que precificou o cruzeiro nos quatro meses de transição até o real.. O grande diferencial do plano é que ele não interveio nos contratos privados e  envolveu a  comunidade científica  com uma comunicação ampla  entre todos os setores da sociedade. Em 1º de julho, os preços em cruzeiros deixaram de existir, os valores em URV foram convertidos para reais e o real, por fim, se tornou a nova e única moeda em circulação. Com a moeda velha, desaparecia também a hiperinflação intrínseca a ela e a todos os vícios que causava um aceleramento nos preços.

Outro fator determinante foi o câmbio.  Inicialmente, optou-se pelo câmbio fixo, já que ele permitia um melhor controle da inflação ao equiparar o valor do dólar ao do real, tornando a moeda brasileira mais estável e forte ainda que artificialmente. Quando havia a fuga de capitais do país, o Banco Central era forçado a vender dólares no mercado para compensar o que estava saindo e manter a taxa de câmbio na paridade fixada.

O combate à hiperinflação foi a coroação do Plano Real, mas diversas outras reformas eram necessárias para permitir o controle de preços.

Fazia necessário um conjunto de propostas para a consolidação do plano econômico, uma delas, foi a mudança do câmbio fixo para o flutuante dentro do chamado tripé macroeconômico. Além do novo regime cambial, o tripé estabeleceu metas de inflação e metas de superávit primário, ou seja, o resultado positivo na balança entre receitas e despesas do governo. Depois o governo adotou que a taxa de cambio desse lugar à taxa de juros como instrumento de controle da inflação. Do outro lado, o Banco Central passou a perseguir metas de inflação, em um trabalho bem reconhecido até os dias atuais.

O equilíbrio fiscal, como se vem lutando hoje em dia, é uma situação que persiste ao longo dos trinta anos de plano real, com a  dificuldade do atual  governo   de  cumprir as metas de equilíbrio de suas contas Para que tenhamos uma inflação controlada e juros monitorado, faz-se necessário manter a independência do Banco Central.

Com o plano real, Brasil superou a hiperinflação. Agora, é preciso encontrar novas soluções e caminhos  para vencer o equilíbrio fiscal, a relação  dívida / PIB e,  buscar um desenvolvimento auto sustentável que melhora a vida das pessoas.

E o que se espera de um país que se paga uma alta carga tributária.

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