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Clube de Leitura inspira ação antirracista e mobiliza estudantes em Piracuruca

O projeto integra a política de universalização das Escolas de Tempo Integral, ampliando experiência
Redação

A literatura tem transformado salas de aula em espaços de educação antirracista nas escolas da rede estadual. No Centro Estadual de Tempo Integral (Ceti) Inês Rocha, em Piracuruca, o Clube de Leitura Seduc ganhou destaque ao conectar estudantes a autoras negras que moldaram a história do Brasil, criando um ambiente de descoberta, sensibilidade e afirmação de identidades.

O projeto Vozes Negras em Ação: da palavra à imagem reuniu cerca de 200 estudantes em uma programação que ocupou toda a escola e convidou o público a mergulhar em múltiplas expressões artísticas. Pinturas, desenhos, um ensaio fotográfico que celebrou a beleza negra da comunidade escolar, apresentações de dança, desfiles e uma animada roda de capoeira transformaram o Ceti em um grande espaço de encontro e partilha.

Ao longo das atividades, obras como Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, e Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, serviram como ponto de partida para a criação de curtas produzidos pelos estudantes da 3ª série do Ensino Médio. Eles adaptaram trechos dos livros, elaboraram roteiros, criaram cartazes e produziram trailers exibidos à comunidade. A literatura deixou de ser apenas leitura e se tornou vivência, expressão, imagem e diálogo.

A programação contou ainda com as reflexões da advogada Yasmin de Carvalho Almeida e da professora doutoranda Maria do Carmo Carvalho Moreira, que conversaram com os jovens sobre os desafios enfrentados pelas mulheres negras e sobre o alcance das políticas de combate ao racismo no Brasil.

O resgate de histórias locais também encontrou espaço no projeto. Inspirados na tradição africana dos griots, os estudantes produziram lapbooks e criaram curtas que recontam a lenda da construção da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, patrimônio cultural de Piracuruca. A atividade aproximou os jovens de suas próprias raízes e ampliou a compreensão de pertencimento.

Para Maria Rosa Nunes, estudante da 1ª Série do Ensino Médio, participar do projeto foi uma descoberta. “O livro Olhos d’Água, de Conceição Evaristo, foi bastante trabalhado pelo meu grupo e inspirou o nosso lapbook. Também achei muito interessante ver de perto uma roda de capoeira e os poemas”, contou.

O secretário de Estado da Educação, Washington Bandeira , afirmou que ações como essa reforçam o compromisso da Seduc com uma escola que acolhe histórias, amplia repertórios e prepara os jovens para enxergar o mundo de forma crítica. “Trabalhar a literatura negra no ambiente escolar é fundamental na promoção de uma educação antirracista porque amplia repertórios e inclui novas narrativas. É pela literatura que abordamos identidade, resistência e a experiência do povo negro a partir de sua própria voz”, destacou.

O Clube de Leitura Seduc integra a política de universalização das Escolas de Tempo Integral, que tem permitido ampliar experiências educativas e articular tecnologia, cultura, esporte e leitura na formação dos estudantes. A iniciativa reforça o novo momento da educação pública do Piauí, que aposta na criação de ambientes pedagógicos pulsantes, conectados com a realidade dos jovens e alinhados às transformações do presente.