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Famílias são despejadas de vila em Teresina e reclamam da inércia da prefeitura

Moradores estão no local desde 1996 e aos poucos estão sendo retiradas do local

Moradores da Vila Ladeira do Uruguai, localizada perto da Uninovafapi, na zona Leste de Teresina, estão sendo despejados de suas casas, que foram construídas pela prefeitura, por decisões judiciais. O local existe desde 1996 e as famílias reclamam da inércia da gestão municipal para regularização fundiária do local.

Francisco de Sales, colaborador da associação de moradores, e que faz parte do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, explicou o ocorrido ao Conecta Piauí.

Foto: Tiago Moura / Conecta PiauíPolícia acompanhou despejo
Polícia acompanhou despejo

“Aqui é uma ocupação que foi feita em 1996, essa área pertencia à imobiliária da família do ex-prefeito Francisco Gerardo, quando as famílias ocuparam aqui, alguns lotes haviam sido comercializados, outros não. Quando o Chico Gerardo era prefeito, negociamos com ele e ficou acordado que a imobiliária não ia entrar com a reintegração de posse, as famílias que já tinham comprado os lotes, poderiam requerer na justiça”, explicou.

700 FAMÍLIA MORAM NA VILA
“Aqui são quase 700 famílias que estão aqui desde 1996 e nós conseguimos para cá a construção de 120 casas, a casa que está sendo despejada a família foi contemplada através de recursos da Caixa, à época o prefeito Silvio Mendes assinou um termo de compromisso que a Caixa poderia liberar o recurso para construir as casas que a Prefeitura de Teresina ia resolver a questão de regularização fundiária”, completou Sales.

Foto: Tiago Moura / Conecta PiauíFrancisco Sales
Francisco Sales

Ainda segundo ele, hoje a vila está toda com infraestrutura, tem calçamento, creche, escola, lavanderia, todos esses equipamentos feitos pela gestão municipal. “Hoje temos aqui várias famílias com liminares de reintegração de posse, as ações são feitas de forma individual, porque cada família ocupou um lote que já era dividido, estamos com vários processos na justiça e várias famílias poderão ser despejadas”, declarou o líder comunitário.

INÉRCIA DA PREFEITURA DE TERESINA
Sales afirma ainda que, em outras gestões conseguiu decretos para os lotes de interesse social e que na gestão de Dr Pessoa não foi possível. “O juiz só queria a garantia da Prefeitura de que essas famílias fossem incluídas no programa de regularização fundiária, infelizmente a Prefeitura nunca se manifestou”.

Foto: Tiago Moura / Conecta PiauíCasa alvo do despejo
Casa alvo do despejo

FAMÍLIA NÃO TEM PARA ONDE IR
DionÍsio Rodrigues, morador da residência que foi alvo do despejo, lamentou a ação.

‘Esse processo é desde 2014, chegava a ordem, a justiça suspendia, chegou essa agora e não tem como a gente suspender mais, estamos sendo despejados, moramos aqui há mais de 35 anos e eu não tenho para onde ir, eu e minha família, que é minha esposa, dois filhos, não temos pra onde ir”, lamentou.

Foto: Tiago Moura / Conecta PiauíFamília de Dionísio foi despejada
Família de Dionísio foi despejada

POLÍCIA MILITAR ACOMPANHOU DESPEJO
A major Roserlane Maciel, da Polícia Militar do Piauí, acompanhou o despejo para garantir a segurança dos envolvidos.

"Estamos aqui dando apoio ao oficial de justiça, que solicitou apoio policial, para dar cumprimento a este mandato de imissão da posse. Somos da Coordenadoria de Direitos Humanos e Mediação de Conflitos da Polícia Militar, estamos dando esse suporte e também buscando fazer da melhor forma, tratando todos com muita dignidade, garantindo que todos tenham toda a assistência”, afirmou a major.

Foto: Tiago Moura / Conecta PiauíMajor Roserlane Maciel
Major Roserlane Maciel

LUTA PELA MORADIA CONTINUA
Sales completou ainda que a associação e os moradores não vão desistir da luta pela moradia.

“A família extremamente carente, não tem para onde ir, seus pertences sendo colocados num caminhão, as grades destruídas. Mas nós vamos resistir, nós vamos ficar aqui, essa situação vivenciamos em outros momentos e não vamos abrir mão dessa luta nossa, vamos fazer o impossível para que essa família permaneça aqui, nós vamos acampar quando a polícia sair daqui, vamos fazer um barraco na frente da casa para que essa família resista aqui e a gente conquiste o direito de moradia. Uma família que mora aqui desde 1996, quantos anos essa família aqui morando e a gente sendo surpreendido com uma liminar de reintegração de posse”, concluiu Sales.

*Com colaboração do repórter Tiago Moura

Foto: Tiago Moura / Conecta PiauíMoradores da vila estão apreensivos
Moradores da vila estão apreensivos

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