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Moradores denunciam ação de despejo em ocupação Marielle Franco em Teresina

Empresa Coaf reivindica terreno; moradores alegam direito à moradia e denunciam violência policial

O Conecta Piauí acompanhou na manhã desta quinta-feira (15) uma intensa mobilização no bairro Satélite, Zona Leste de Teresina, onde ocorreu uma ação de despejo na ocupação Marielle Franco. A ordem judicial foi executada a pedido da empresa Coaf, que reivindica a posse do terreno. A área é ocupada por dezenas de famílias em situação de vulnerabilidade, que alegam não ter para onde ir.

Foto: ReproduçãoMoradores denunciam ação de despejo em ocupação Marielle Franco em Teresina
Moradores denunciam ação de despejo em ocupação Marielle Franco em Teresina

De um lado, a empresa afirma ser a legítima proprietária da terra. Do outro, os moradores questionam a legalidade da posse e defendem o direito à moradia. Durante a operação, houve confronto entre os ocupantes e as forças policiais. Moradores relataram o uso de gás lacrimogêneo, agressões a mulheres, crianças e idosos, além da demolição de barracos e estruturas erguidas pelas famílias.

Segundo Davi Araújo, uma das lideranças da ocupação, o local surgiu como resposta à necessidade urgente de moradia de famílias sem recursos.

“Estamos brigando por moradia, por dignidade. O que nós estamos reivindicando aqui é a moradia. Isso aqui é uma ocupação para atender aquelas pessoas que não têm onde morar, que vivem de favor, que não conseguem pagar aluguel. A gente montou um barracão e começou a dividir os terrenos entre as famílias”, explicou.

Ele também criticou a postura da empresa e do poder público:

“Eles estão alegando ser donos, mas temos documentos que provam que a terra não é deles. Estão devendo mais de R$ 3 milhões e querem tirar quem está precisando. A terra pertence à União, pertence ao povo.”

Davi relatou ainda episódios de violência durante o despejo:

“Derrubaram casas, destruíram sonhos, agrediram mulheres, idosos, jogaram gás nos olhos de crianças. Uma criança de um ano foi ferida, uma grávida de oito meses também foi agredida. É vergonhoso.”

A situação também foi acompanhada pelo vereador João Pereira, que esteve no local para mediar o conflito:

“O que está acontecendo hoje eu quero ilustrar de forma mais ampla para Teresina. Temos várias áreas com conflitos fundiários que precisam ser discutidos pela gestão, pelo Judiciário, pelo Parlamento. Este caso da ocupação Marielle Franco é um exemplo de que a gestão pode resolver”, afirmou.

Segundo o parlamentar, o terreno foi cedido ainda na década de 1980 à cooperativa COAVE, mas há conflitos quanto aos limites e à ocupação atual:

“As famílias alegam que ocuparam uma parte excedente, que não foi utilizada pela COAVE. Há também inconsistências no processo, como o endereço mencionado ser Socopo, quando na verdade estamos no bairro Satélite.”

João Pereira destacou ainda que uma audiência com a juíza responsável pelo caso está sendo articulada:

“Estamos pedindo a sensibilização da juíza. Um grupo de advogados está tentando apresentar nos autos a real situação. A presença da igreja, dos movimentos sociais e da população é um reflexo da gravidade do caso. Precisamos de diálogo e de uma solução pacífica.”

A comunidade pede diálogo, mediação das autoridades e políticas públicas de habitação para evitar que famílias inteiras fiquem ao relento.

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