Justiça vê indícios de fraudes em repasses do BRB ao Banco Master
Aportes de R$ 16,7 bilhões levantam suspeitas de ‘camaradagem’ e risco ao sistema financeiroA Polícia Federal e o Ministério Público Federal apuram se decisões internas do Banco de Brasília (BRB) favoreceram o Banco Master durante negociações que antecederam a tentativa de compra da instituição. Documentos judiciais apontam que, entre 2024 e 2025, o BRB transferiu R$ 16,7 bilhões ao Master em operações que ultrapassaram em mais de 20 vezes o limite regulamentar de exposição a um único cliente.
A análise do caso foi reforçada por uma decisão do juiz federal Ricardo Leite, que solicitou ao Banco Central uma verificação detalhada da real situação patrimonial do BRB. O magistrado menciona indícios de práticas irregulares adotadas por dirigentes do banco público, incluindo operações classificadas como “procedimentos escusos” e atos de “camaradagem” que teriam contribuído para sustentar o Master em um período crítico de liquidez. Parte dessas operações, que somam R$ 12,2 bilhões, envolve créditos considerados fraudulentos pelos investigadores.
A apuração mostra que o Master oferecia CDBs com juros fora do padrão de mercado, sem comprovar capacidade para honrar os pagamentos. Para manter a imagem de solidez, o banco teria recorrido a créditos inexistentes vinculados a uma empresa intermediária. Esses ativos, embora sem lastro, foram revendidos ao BRB, que efetuou pagamentos bilionários sem documentação consistente. Mesmo após identificar irregularidades, a instituição brasiliense continuou firmando negócios com o Master e adquirindo novas carteiras de crédito.
O Ministério Público afirma que a conduta pode ter provocado danos ao sistema financeiro e configurado gestão fraudulenta — crime previsto na legislação que trata de instituições financeiras. As suspeitas também embasaram a ordem de prisão de Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, detido na terça-feira (18). O Banco Central já bloqueou bens de dirigentes e segue acompanhando o caso.