Um estudo recente analisou a viabilidade da diálise peritoneal (DP) como alternativa à hemodiálise (HD) para pacientes que precisam iniciar a terapia renal substitutiva de forma não planejada. Os resultados indicam que a DP pode ser uma opção segura e eficiente, além de potencialmente mais viável para o Sistema Único de Saúde (SUS), que enfrenta dificuldades na expansão do atendimento em hemodiálise.

Foto: MD.SAÚDE

Diálise Peritoneal - Usada em casos de insuficiência renal crônica terminal

Mas, o que é diálise peritoneal e como ela funciona? 

A diálise peritoneal (DP) é um dos tratamentos indicados para pacientes com insuficiência renal crônica terminal, quando os rins perdem a capacidade de filtrar as toxinas e o excesso de líquido do organismo. Esse método se destaca por permitir que o paciente realize o procedimento em casa, garantindo mais autonomia e qualidade de vida.

• Receba Notícias do Conecta Piauí pelo Whatsapp
• Confira tabelas e resultados dos principais campeonatos.

Diferente da hemodiálise, que exige deslocamento até clínicas especializadas em dias e horários fixos, a diálise peritoneal pode ser feita no domicílio, seguindo as orientações médicas. Isso oferece mais flexibilidade para quem precisa do tratamento contínuo, sem abrir mão da rotina pessoal e profissional.

Cenário atual e desafios

No Brasil, cerca de 60% dos pacientes com doença renal crônica iniciam a terapia renal substitutiva (TRS) de maneira não planejada, o que representa um desafio para o sistema de saúde. A hemodiálise é o método mais utilizado, mas enfrenta limitações estruturais, como a escassez de vagas e a necessidade de acessos vasculares adequados.

Por outro lado, a diálise peritoneal tem sido apontada como uma alternativa viável, especialmente para pacientes que precisam iniciar o tratamento com urgência. No entanto, poucos estudos haviam avaliado sua eficiência e custos quando iniciada de forma não planejada.

Entenda a pesquisa

O estudo, que analisou dados de pacientes incidentes em terapia renal entre 2016 e 2018, comparou os custos e a eficácia da diálise peritoneal e da hemodiálise durante o primeiro ano de tratamento. Os resultados revelaram que não houve diferenças significativas entre as duas modalidades em termos de custo e desfechos clínicos. Além disso, a DP demonstrou ser segura, apresentando taxas de infecção e mortalidade semelhantes às da HD. Outro ponto relevante é que a DP tem vantagens como a preservação da rede vascular e um menor risco de bacteremia, fatores que podem contribuir para uma melhor qualidade de vida dos pacientes a longo prazo.

Impacto no SUS e políticas públicas

Atualmente, a hemodiálise é a opção predominante no SUS, mas sua expansão demanda investimentos elevados. A pesquisa sugere que a ampliação da diálise peritoneal pode representar uma estratégia mais econômica e eficaz para atender a crescente demanda por terapia renal. Com custos iniciais mais baixos e a possibilidade de ser realizada em casa, a DP pode aliviar a pressão sobre as unidades de hemodiálise e aumentar a capacidade de atendimento do sistema público de saúde.

Dessa forma, a diálise peritoneal surge como uma alternativa segura e viável para pacientes que precisam iniciar a terapia renal sem planejamento prévio. A adoção mais ampla dessa modalidade pode trazer benefícios tanto para os pacientes quanto para o SUS, permitindo um melhor aproveitamento dos recursos públicos, além de melhorar o acesso ao tratamento e a qualidade de vida de milhares de brasileiros que enfrentam a doença renal crônica.

*A pesquisa foi escrita por Alexandre Minetto Brabo, Dayana Bitencourt Dias, Everton Nunes da Silva e Daniela Ponce. E foi publicada pela Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina, Departamento de Clínica Médica (Botucatu, SP, Brasil) e na Universidade de Brasília, Departamento de Saúde Coletiva (Brasília, DF, Brasil) em 10 de janeiro de 2025. O artigo completo pode ser acessado no seguinte link: file:///C:/Users/laris/Downloads/document.pdf