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A cada dez minutos, um piauiense deixa de passar fome, aponta IBGE

Os avanços silenciosos na mesa dos mais pobres
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No Piauí, o tempo tem andado em ritmo de esperança. A cada dez minutos, uma pessoa deixa de viver a experiência mais cruel da pobreza: a fome. Em apenas um ano, mais de 53 mil piauienses deixaram a insegurança alimentar grave — a condição em que falta o básico, o alimento na panela, o pão de cada dia. Um avanço que, embora silencioso, tem o peso de uma revolução cotidiana.

Os números mais recentes mostram que o estado, historicamente entre os mais vulneráveis do país, começa a respirar fora das estatísticas mais duras. O percentual de piauienses em situação de fome caiu de 4,9% para 3,3% da população — o equivalente a 112 mil pessoas vivendo o drama da escassez extrema. Um recuo expressivo, num cenário em que o país ainda tenta curar as feridas abertas pela pandemia e pela desigualdade persistente.

Ainda há muito a caminhar. O Piauí segue com 41,5% de seus domicílios em algum grau de insegurança alimentar — leve, moderada ou grave. São cerca de 1,4 milhão de pessoas que, em maior ou menor medida, convivem com a incerteza de não saber o que haverá no prato amanhã. Mas o movimento de queda em todos os níveis — leve, moderado e grave — mostra que políticas públicas integradas, programas sociais e ações locais vêm produzindo resultados concretos.

No detalhe, a mudança aparece nas casas mais simples: quando o feijão volta a ferver na panela, quando o arroz deixa de ser contado, quando o café deixa de ser puro e ganha o pão. A redução na insegurança alimentar leve, por exemplo, indica melhora na qualidade dos alimentos consumidos. Já no nível moderado, menos adultos estão reduzindo a própria comida para garantir o que comer às crianças.

O contraste regional segue gritante. Estados do Norte, como Amapá (10,2%), Amazonas (8%) e Pará (7,1%), ainda lideram os índices de fome no Brasil. No outro extremo, Santa Catarina (1,2%), Espírito Santo (1,4%) e Rio Grande do Sul (1,6%) exibem os menores percentuais. O Piauí aparece no meio da tabela, em 16º lugar, uma posição que já representou um abismo, mas agora sinaliza terreno mais firme.

Ainda é cedo para comemorar. Mas os dados de 2024 mostram que, no sertão, o verbo “resistir” começa a dividir espaço com outro, mais promissor: “avançar”. Em cada casa onde o fogo reacende e o prato volta a ser cheio, o Piauí escreve um capítulo de superação coletiva — um lembrete de que combater a fome não é caridade, é justiça social.

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