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Entre Marias, Franciscos e Sousas: o Piauí se revela em seus nomes

Censo 2022 revela que Maria e Francisco seguem como os nomes mais frequentes no estado
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Há uma poesia silenciosa no modo como o Piauí se apresenta pelos nomes de seu povo. O Censo Demográfico de 2022, divulgado nesta segunda-feira (04/11) pelo IBGE, fez mais do que contar pessoas,  ele revelou a alma batizada do estado.

Foto: Conecta PiauíEntre Marias, Franciscos e Sousas: o Piauí se revela em seus nomes
Entre Marias, Franciscos e Sousas: o Piauí se revela em seus nomes

Em meio a mais de 140 mil nomes próprios registrados em todo o país, o Piauí permaneceu fiel a si mesmo. Como quem resiste às modas passageiras, o estado reafirmou o que há de mais íntimo e antigo na sua gente: Maria e Francisco. Dois nomes que, sozinhos, parecem resumir toda uma história de fé, simplicidade e afeto.

Maria é a mãe e o milagre. É a força que se repete 381.520 vezes, em 11,6% de toda a população piauiense. Em cada Maria, há uma história de resistência, das Marias de chapéu de palha no roçado às Marias de caderno na mão, enfrentando a vida nas salas de aula e nas feiras.

Logo atrás vem Francisco, com 130.465 piauienses, um nome que carrega cheiro de terra molhada e o som das procissões. Francisco é o homem do campo, o devoto, o pai e o filho. É o que planta e o que espera.

No restante do ranking, ecoam os nomes que formam o coro da vida nordestina: José, Antônio, João, Ana, Francisca, Raimundo, Antônia e Pedro. Todos nomes que parecem sair de um romance de Graciliano ou de uma canção de Luiz Gonzaga.

Mas o levantamento do IBGE não se deteve apenas nos primeiros nomes, agora também revelou os sobrenomes, e com eles, a geografia dos afetos familiares.

O Piauí é, acima de tudo, uma terra de Silvas. São 771.651 pessoas que carregam o sobrenome mais popular, o que equivale a quase um em cada quatro piauienses. Um nome que não é de ninguém e é de todos: o sobrenome dos trabalhadores, dos anônimos que constroem o cotidiano.

Depois dos Silvas, vêm os Sousas, e aqui o Piauí se distingue do restante do Brasil. Enquanto o país tem nos Santos o segundo sobrenome mais comum, por aqui são os Sousas que prevalecem. E há algo de poético nisso: Sousa soa como rio, como casa antiga, como saudade.

A lista segue com Santos, Oliveira, Pereira, Alves, Rodrigues, Carvalho, Lima e Costa, compondo uma constelação de nomes que se repetem em certidões, lápides e corações.

No total, o IBGE identificou mais de 200 mil sobrenomes em todo o país, e agora, através da plataforma Nomes no Brasil, qualquer um pode descobrir onde seu nome floresce, quando ele se tornou comum e até a idade mediana de quem o carrega.

E é exatamente isso o que acontece quando olhamos para os nomes do Piauí: reconhecemo-nos. Neles mora a ternura de um povo que ainda se apresenta com doçura, sem pressa, chamando-se pelo nome que o batismo deu e a vida confirmou.

Entre Marias e Franciscos, o Piauí segue sendo o mesmo, um estado que, mesmo em tempos de algoritmos e inteligências artificiais, ainda se chama pelo coração.

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