Feminicídios caem 17,8% no Piauí e especialistas alertam para risco após separação
Números ainda refletem um cenário preocupante e que exige atenção contínuaO Piauí registrou uma redução significativa no número de feminicídios em 2025. De acordo com dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, entre janeiro e agosto deste ano foram contabilizados 23 casos, contra 28 no mesmo período de 2024 — uma queda de 17,8%.

Apesar do avanço, especialistas alertam que os números ainda refletem um cenário preocupante e que exige atenção contínua do poder público e da sociedade. A delegada Eugênia Villa, referência nacional no enfrentamento à violência contra a mulher e pesquisadora do tema, chama a atenção para um dado alarmante: 88% dos feminicídios acontecem no primeiro ano após a separação, sendo que metade deles ocorre logo após o terceiro mês do rompimento.
Segundo a delegada, esse recorte revela uma vulnerabilidade específica: "Muitas mulheres não denunciam a violência que sofrem durante o relacionamento e tampouco buscam medidas protetivas quando decidem se separar. É justamente nesse período que os riscos se intensificam, pois o agressor sente que perdeu o controle sobre a vítima", explica.
A queda registrada no Piauí acompanha uma tendência nacional de redução dos feminicídios em 2025, segundo os dados oficiais. No entanto, especialistas lembram que os índices precisam ser analisados com cautela, já que nem sempre os crimes são corretamente tipificados como feminicídio e, muitas vezes, a violência anterior ao desfecho fatal não é denunciada.
Organizações de defesa dos direitos das mulheres reforçam que a denúncia é a principal forma de quebrar o ciclo de violência. Serviços como o Ligue 180 e o 190 estão disponíveis para situações de emergência. No Piauí, a rede de enfrentamento conta ainda com a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), casas de acolhimento e programas de apoio psicológico e jurídico.
A redução nos números de 2025 representa um sinal positivo, mas o desafio permanece: proteger as mulheres no momento mais crítico de suas vidas — a decisão de romper com a violência e recomeçar.