Informalidade no Piauí ainda atinge quase 90% de quem trabalha por conta própria
Em 2024, houve uma recuperação importante: o nível de ocupação chegou a 50,70%Há números que falam. E há números que gritam. No Piauí, a fotografia mais recente do mercado de trabalho revela um estado onde a força de vontade do trabalhador é grande, mas a formalização ainda é um sonho distante para a maioria. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, cerca de 382 mil piauienses com 14 anos ou mais estão ocupados por conta própria.
Desses, 334 mil, ou 87,5%, trabalham na informalidade, sem inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Em outras palavras: apenas 48 mil pessoas, 12,5% do total de trabalhadores por conta própria, conseguiram se formalizar. Esse retrato coloca o Piauí bem acima da média nacional. No Brasil, a informalidade entre trabalhadores por conta própria é de 74,3%, 13,2 pontos percentuais abaixo do índice piauiense.
E não é um caso isolado no Norte e Nordeste: Maranhão (92,6%), Amazonas (92,2%) e Pará (91,5%) formam o grupo onde a informalidade domina quase todo o mercado por conta própria. Na outra ponta, três estados do Sul e Sudeste, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina, registram as menores proporções, todos na casa dos 60%.
Mas o drama piauiense não está apenas no tipo de ocupação. Está também no acesso à própria oportunidade de trabalhar. Entre 2018 e 2023, o nível de ocupação no estado permaneceu abaixo de 50%. Isso significa que menos da metade das pessoas em idade de trabalhar conseguiu, de fato, uma vaga, formal ou informal.
Em 2024, houve uma recuperação importante: o nível de ocupação chegou a 50,70%. Ainda insuficiente. E ainda abaixo do melhor momento já registrado, em 2015, quando o estado chegou a 56,63% de sua população em idade ativa ocupada.
O que esses números mostram é um mercado que tenta reagir, mas que ainda precisa de sustentação, seja na ampliação da formalização, no estímulo ao empreendedorismo estruturado, ou no avanço de políticas públicas que promovam trabalho digno e renda estável.
No Piauí, a informalidade não é apenas estatística. É cotidiano, é cultura econômica, é sobrevivência. Mas também é um obstáculo, e superar esse desafio é essencial para que o trabalhador piauiense transforme esforço em segurança, renda em estabilidade e trabalho em futuro.