O calor que molda o jeito, o ritmo e até o humor do piauiense agora tem um novo registro científico: o Piauí foi o estado com a maior temperatura média do Brasil nas últimas quatro décadas. É o que revela a plataforma MapBiomas Atmosfera, que nesta quarta-feira (5) divulgou um levantamento inédito sobre a evolução térmica do país.

Segundo os dados, o território piauiense registrou uma média de 26,9°C entre 1985 e 2024, o número mais alto entre todas as unidades da federação. Logo atrás aparece o Rio Grande do Norte, com 26,8°C. Na outra ponta do ranking, Santa Catarina apresentou a menor média nacional no mesmo período, reflexo de um clima mais temperado e de altitudes elevadas.

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O estudo também mostra que o Brasil como um todo teve média de 24,6°C, mas esse índice vem subindo ano após ano, acompanhando a escalada global das temperaturas. O que mais impressiona, porém, é a diferença sentida na pele: o piauiense vive, em média, sob 2,3°C a mais do que a temperatura nacional, um calor que se impõe como marca geográfica, mas também como desafio ambiental.

Boa parte do território do Piauí está inserida no clima semiárido, onde o sol impera quase todos os dias e as chuvas são irregulares. É uma região em que a resiliência humana e natural se encontram: de um lado, agricultores que adaptam o plantio à escassez; de outro, ecossistemas que aprendem a sobreviver em condições extremas.

O levantamento do MapBiomas reforça o alerta de cientistas sobre o avanço do aquecimento global no Nordeste e o impacto que isso traz à produção agrícola, aos recursos hídricos e à saúde da população. O calor, que antes parecia apenas parte do cotidiano, agora se revela também como um indicador de urgência climática.

No mapa das temperaturas brasileiras, o Piauí continua a brilhar, mas cada vez mais quente.