Piauí registra quase 4 mil uniões entre pessoas do mesmo sexo, diz IBGE
São 3.063 homens e 4.749 mulheresHá tempos o amor insiste em desafiar as estatísticas. E agora as estatísticas começam, enfim, a reconhecer o amor, em todas as suas formas. O Censo Demográfico de 2022 revelou um retrato inédito e simbólico do Piauí contemporâneo: quase 8 mil pessoas vivem em união conjugal com alguém do mesmo sexo. São 3.063 homens e 4.749 mulheres, histórias que somadas desenham um novo mapa afetivo do estado.
Num universo de 1,4 milhão de piauienses vivendo em união conjugal, essas uniões ainda são minoria, mas representam um passo firme na direção da visibilidade e da liberdade de ser. “Viver junto” nunca foi um ato tão político, tão poético e tão humano. O dado reflete uma mudança que vai muito além das fronteiras do Piauí.
No Brasil, quase um milhão de pessoas vivem com parceiros do mesmo sexo. O amor entre iguais já não cabe nos armários das estatísticas: 406 mil homens e 566 mil mulheres estão dizendo ao país, com seus registros e suas vidas, que o afeto é múltiplo, diverso e legítimo.
Mas há outros sinais de transformação. O Censo mostra que quase 40% das uniões no Piauí são consensuais, aquelas em que o casal vive junto sem o casamento civil ou religioso. Esse tipo de união cresceu 8,83 pontos percentuais em 12 anos, passando de 30,6% em 2010 para 39,4% em 2022. Ao mesmo tempo, os casamentos formais, civis ou religiosos, vêm perdendo espaço, talvez porque o amor, hoje, se reconheça menos na cerimônia e mais na convivência.
É uma revolução silenciosa, feita não de bandeiras partidárias, mas de lençóis compartilhados, boletos divididos, risadas cúmplices e pequenas declarações cotidianas. O Piauí, que tantas vezes foi lido como um estado conservador, agora aparece no mapa do Brasil que ama, ama diferente, ama igual, ama sem pedir licença.