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Quase duas mil crianças ficaram órfãs no Piauí desde 2021

O levantamento mostra uma curva de dor que cresce e se estabiliza em números preocupantes
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Desde 2021, quase duas mil crianças e adolescentes piauienses perderam ao menos um dos pais. Atrás desses números frios, há silêncios, ausências e histórias interrompidas. São órfãos de vidas partidas — por doenças, por acidentes, por violências que ainda teimam em atravessar os lares.

No Brasil, uma média de 43,9 mil crianças e jovens de até 17 anos ficam órfãos de pai ou mãe a cada ano, segundo um levantamento inédito dos Cartórios de Registro Civil, reunido pela Arpen-Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais). O estudo, pela primeira vez, conseguiu cruzar os dados de CPF dos pais nos registros de nascimento com os óbitos registrados desde 2021.

“Até a metade de 2019, o CPF dos pais não era obrigatório nos registros de nascimento. A partir daí, conseguimos medir com mais precisão o número de órfãos”, explica Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil.

Foto: ReproduçãoQuase duas mil crianças ficaram órfãs no Piauí desde 2021
Quase duas mil crianças ficaram órfãs no Piauí desde 2021

No Piauí, o levantamento mostra uma curva de dor que cresce e se estabiliza em números preocupantes:

346 em 2021

458 em 2022

618 em 2023

568 em 2024


Em quatro anos, o total chega a 1.990 crianças que perderam pai, mãe ou ambos, 25 delas ficaram completamente sozinhas.

As causas são múltiplas. A Covid-19, que levou mais de 700 mil brasileiros, deixou uma geração marcada. Desde 2019, 13.808 crianças perderam um dos pais para o coronavírus. Se consideradas doenças relacionadas, como: infarto, AVC, sepse, pneumonia, o número chega a 23.612 órfãos no país. Entre eles, 188 perderam pai e mãe pela doença, e até 340 quando somadas as causas associadas.

Mas o vírus foi apenas uma das faces da tragédia. Há também o feminicídio, que faz órfãos de forma brutal e repentina. São crianças que, de um dia para o outro, perdem a mãe para a violência ,e muitas vezes o pai, para a prisão.

Essas histórias não estão nas manchetes diárias, mas estão nas escolas, nas casas de avós, nos abrigos. Crianças que aprendem cedo o que é a falta, que crescem com uma saudade que não passa.

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