Teresina respira ar moderado, mas vulneráveis seguem em risco
Para crianças, idosos e quem tem doenças respiratórias, o risco é realTeresina já sente de perto os efeitos das mudanças climáticas: dias cada vez mais quentes, chuvas irregulares e ar que nem sempre é tão puro quanto parece. O monitoramento da qualidade do ar mostra que, na capital piauiense, a situação está classificada como moderada. Para a maioria das pessoas, isso significa que ainda é possível respirar sem grandes problemas. Mas para crianças, idosos e quem tem doenças respiratórias, o risco é real.

A poluição vem de várias fontes. Estão no ar partículas finíssimas, invisíveis, que penetram fundo nos pulmões (o chamado PM₂.₅ e PM₁₀). Há ainda o ozônio, que aparece em dias muito quentes, os óxidos de nitrogênio e o dióxido de enxofre, liberados principalmente por veículos e combustíveis fósseis. Tudo isso compõe um cenário que pode não chamar tanta atenção quanto o trânsito parado ou a sensação térmica sufocante, mas que compromete silenciosamente a saúde da população.
Daniel Marçal, gerente de mudanças climáticas da Semarh, lembra que os números não são frios: eles contam histórias sobre vidas afetadas.
“O monitoramento mostra de onde vem a poluição e para onde ela pode nos levar. É a partir desses dados que conseguimos pensar em soluções: mais arborização, menos emissões, políticas de adaptação climática. O ar que respiramos hoje define a saúde que teremos amanhã”, alerta.
Nos últimos anos, o Piauí tem dado passos importantes nesse debate. Foram elaborados inventários de emissões de gases de efeito estufa, ampliadas ações de arborização urbana e reforçado o diálogo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Em 2024, o Estado enviou informações detalhadas para o Relatório Anual de Acompanhamento da Qualidade do Ar, que vai consolidar dados de todo o país.
Mas o desafio está longe de ser vencido. Feliphe Araújo, secretário estadual de Meio Ambiente, reforça que cuidar do ar é cuidar da vida.
“Não se trata apenas de números ou relatórios. É sobre a saúde das pessoas, é sobre o futuro. O Piauí tem feito sua parte, mas sabemos que ainda temos muito a avançar. Respirar um ar limpo é um direito básico, e vamos continuar lutando para garanti-lo”, afirma.
Teresina, como tantas cidades brasileiras, está no limite entre o que ainda é suportável e o que pode se tornar insustentável. O ar “moderado” de hoje precisa servir de alerta: sem mudanças de hábitos, sem políticas públicas mais ousadas e sem a consciência de que o clima já mudou, o futuro pode se tornar ainda mais difícil de respirar.