Filiada ao PT e parceira de Ciro Nogueira: o dilema político de Carmelita Castro

A política piauiense sempre foi marcada por alianças improváveis e movimentos estratégicos que confundem o eleitor. A ex-prefeita de São Raimundo Nonato, Carmelita Castro, é hoje um dos melhores exemplos desse jogo de forças. Filiada ao PT e, portanto, integrante da base do governador Rafael Fonteles, ela mantém vínculos sólidos com o principal rival do governador: o senador Ciro Nogueira (PP).

O contraste é inevitável. De um lado, Carmelita caminha oficialmente com o grupo governista. De outro, não esconde a proximidade com a irmã, Margarete Coelho, pré-candidata ao governo do estado pelo Progressistas, que terá justamente a missão de enfrentar a reeleição de Rafael. Essa duplicidade desperta a pergunta que muitos fazem em silêncio: até quando Carmelita continuará nesse vai e vem entre governo e oposição?

A derrota de seu sobrinho, Isaías Neto, nas eleições municipais de 2024, enfraqueceu o seu capital político no município. Talvez por isso, a aproximação cada vez mais visível com Margarete e Ciro seja uma tentativa de se reposicionar e recuperar espaço na cena estadual.

O episódio mais recente, durante os festejos de São Raimundo Nonato, deixou claro que Carmelita já não faz tanto esforço para disfarçar. O evento, além de religioso e cultural, serviu como palanque para articulações políticas, e Carmelita estava no centro dessa cena.

O que resta saber é se essa movimentação significa apenas uma estratégia momentânea de sobrevivência política ou se estamos diante de um rompimento definitivo com o grupo de Rafael Fonteles. Carmelita, ao que tudo indica, terá que escolher de vez em qual palanque pretende subir. E, como a política é feita de sinais, o eleitor piauiense já entendeu que as imagens falam mais alto que os discursos.