'CPI do Lixo': com renúncia de presidente, relatório final gera discordância
Vereador Fernando Lima votou contra documento final produzido pelo relator Deolindo MouraO relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Limpeza Pública de Teresina, apresentado nesta terça-feira (02), em sessão plenária na Câmara Municipal de Teresina (CMT) gerou dicordâncias e "pontos incomuns" entre os vereadores que a compõe. O presidente da Comissão, vereador Fernando Lima (PDT), renunciou o cargo em razão dos pontos abordados pelo documento final, produzido pelo vereador Deolindo Moura (PT).
Ao Conecta Piauí, Fernando destacou que votou contra o relatório da chamada "CPI do Lixo". A decisão do agora ex-presidente se baseia no que foi apurado durante as oitivas da comissão mas não foi incluído no documento.
O vereador menciona o depoimento de Ricardo Martins, ex-procurador geral do município, que apontou irregularidades nos contratos firmados que reduziram a competitividade entre as empresas e a diferença de valores pagos sob resíduos inertes e não inertes que eram destinados ao lixão de Teresina.
"O Edital não estava em conformidade com a lei de licitação, não estava em conformidade com as normas técnicas [do Tribunal de Contas do Estado]. Então isso foi muito prejudicial. E alguns pontos cruciais que levou a isso foi justamente o fato de haver um possível direcionamento nas contratações. Eu cito aqui o exemplo, por exemplo, dos aterros sanitários. Nós temos aqui em Teresina dois aterros privados. No Edital previa que o aterro só pudesse dar o atestado de capacidade para um. Então, automaticamente, só duas empresas poderiam concorrer à licitação. Então, isso demonstra realmente um possível direcionamento na licitação, motivo pelo qual o tribunal suspendeu naquele momento. Outro ponto importante, o valor apresentado naquele edital de licitação da coleta de lixo inerte e não inerte. O valor do lixo inerte é mais barato do que o lixo não inerte", explicou o vereador.
O relator da CPI, o vereador Deolindo Moura, classificou que o texto gerou "pontos de vistas incomuns" entre os parlamentares. Em relação ao material colhido pela CPI, o petista disse que eles "vieram acompanhados de dificuldades" que impactava a "apuração certa" sobre as licitações e contratos firmados com empresas voltadas para a coleta de lixo e limpeza da capital piauiense.
"Não são pontos de vista divergentes, são pontos de vista incomum. Nós colocamos a questão da licitação permanente como ponto fundamental. Agora, no que diz respeito à questão do material que foi colhido pela CPI, esse material, em geral, eles vieram com alguma dificuldade, seja ele de abrir uma determinada pasta. E eu não vou fazer cavalo de batalha em cima de uma questão que nós não temos como referência a certeza sobre um determinado assunto", destacou Deolindo.
Em um ponto os vereadores convergem: a necessidade da contratação de uma licitação definitiva para a limpeza, capina e coleta de lixo em Teresina. Na tribuna do plenário, Deolindo teceu duras críticas aos contratos emergenciais que foram deflagrados ao longo dos anos.
Ao Conecta Piauí, o ex-presidente da Comissão cobrou da Prefeitura de Teresina um edital que esteja em conformidade com a lei de licitações e normas técnicas apresentadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Piauí.
"Enquanto o município de Teresina não sentar, organizar um edital que realmente esteja em conformidade com a lei de licitações, não esteja em conformidade com as normas técnicas apresentadas pelo Tribunal de Contas do Estado, o teresinense vai sofrer com um serviço que não é de qualidade, o teresinense vai sofrer com um serviço caro. Então, a gente vem dialogando com a atual gestão para que a gente possa efetivamente publicar esse edital da licitação regular, para que a gente possa ter no município de Teresina um contrato duradouro e que possa realmente dar efetivamente um serviço de limpeza de qualidade para a Teresina, para o Teresinense, que a gente já vem muito tempo sofrendo com isso", concluiu Fernando Lima.
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