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Famílias lutam por igualdade no dia mundial da conscientização do autismo no Piauí

Sociabilidade dos autistas pode ser comprometida devido à falta de entendimento da sociedade

O Dia da Conscientização do Autismo é celebrado nesta terça-feira (02/04). Déficits persistentes na comunicação e interação social, padrões restritivos e repetitivos de comportamentos são características comuns do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Devido aos sintomas apresentados pelo portador do transtorno, somados à falta de preparo por parte da sociedade em entender suas diferenças e individualidades, a sociabilidade do autista fica comprometida. Famílias piauienses utilizam a data para lutar por um tratamento igualitário para os portadores do TEA.

Foto: Arquivo PessoalFamília da jornalista Astrid Lages, com seus dois filhos autistas
Família da jornalista Astrid Lages, com seus dois filhos autistas

O educador físico Herbert 'Corujão' é o pai do téo, que foi diagnosticado com o TEA logo nos primeiros anos de vida. Embora a evolução do filho seja progressiva, Herbert sabe que um dos maiores desafios é manter o filho em socialização constante. "O primeiro desafio para o pai de uma criança autista é a aceitação. Ela é o primeiro passo para você começar a trabalhar outras coisas, como terapias e o convívio social. Isso também passa pela questão de você achar seu filho mais desprotegido que as outras crianças. Também tem o fato de que as crianças passam a perceber que ele é diferente e gera isolamento, então sofro junto com meu filho", conta.

Foto: James Rodrigues / Conecta PiauíHerbert 'Corujão'
Herbert 'Corujão'

A jornalista Astrid Lages é mãe de dois filhos diagnosticados com o transtorno e vive dedicada a cuidar e acompanhar o dia a dia das crianças. Astrid foi obrigada a se desligar do trabalho devido às demandas. Ela conta sobre as barreiras que a doença apresenta: o diagnóstico, o tratamento e a luta contra o preconceito.

Foto: James Rodrigues / Conecta PiauíAstrid Lages
Astrid Lages

"Nossas dificuldades e vivências começam dentro de casa diante de dificuldades como crises, problemas financeiros por conta de medicamentos, de terapias que, na maioria das vezes, os planos não suportam e não oferecem profissional para atender. Também há a questão da escola e da convivência", relata a jornalista.

Astrid conta que a sociabilização para seus filhos é muito dificultosa. "As pessoas costumam dizer que o autista vive no 'mundinho dele', mas não concordo com isso. Meus filhos querem se sociabilizar, mas eles não conseguem. Não têm amigos, as outras crianças não dão abertura e eles não sabem iniciar as conversas. Acho que os próprios pais devem trabalhar isso nas crianças, para que aceitem as diferenças", diz. A jornalista diz que o preconceito sofrido pelas crianças fora de casa é constante. "Basta a gente sair de casa que sofremos preconceito em farmácias, shoppings, restaurantes e afins", conclui.

Leis para o autista
No Brasil existem muitas leis direcionadas a atender pessoas diagnosticadas com o transtorno do espectro autista, mas ainda falta o cumprimento delas. No Piauí, o deputado Franzé Silva, presidente da Assembleia Legislativa do Piauí, é autor de de dez leis que beneficiam autistas no estado. Recentemente o filho autista do deputado Franzé foi vítima de preconceito dentro de um restaurante em Teresina, mostrando que o preconceito para com o autista existe independente da existência das leis.

Foto: Naiane Feitosa/Conecta PiauíPresidente Franzé Silva
Presidente Franzé Silva

O deputado conversou sobre com o Conecta Piauí sobre o Dia da Conscientização do Autismo e disse que a data é para refletir sobre a inclusão do portador do TEA na sociedade. "É um dia para reflexão e conscientização para que a sociedade possa entender a necessidade da inclusão dos autistas dentro de todos os contextos, como educação, saúde e impregabilidade", conta.

Franzé contou ainda que o caso de discriminação sofrido por seu filho serviu como exemplo para a sociedade de que a aplicabilidade das leis que defendem o autista devem ser aplicadas em qualquer caso discriminatório. "No caso do meu filho tive a obrigação de dar o exemplo de que não pode haver a omissão. Sempre que houver uma discriminação que a lei protege é necessário fazer a denúncia e acompanhar judicialmente para que a gente possa ter o modelo sendo aplicado em todo o Brasil", explica.

O deputado estadual Dr. Vinícius também conversou com o Conecta Piauí sobre a atuação da Assembleia Legislativa do Piauí no amparo do autista através das leis. "Todos os processos nos projetos de leis que foram abertos na assmebleia são integrativos, ou seja, parte de inclusão sempre é pautada na assembleia. No Dia da Conscientização do Autismo é preciso mais uma vez levantar essa bandeira", diz.

Foto: Tiago Moura / Conecta PiauíDeputado estadual Dr. Vinícius
Deputado Dr. Vinícius

Dr. Vinícius citou o caso de preconceito sofrido pelo filho do deputado Franzé e disse que isso tornou claro que a discriminação com o autista está presente em todos os níveis sociais. "Precisamos, no dia de hoje, colocar essa palavra cada vez mais forte de que precisamos fazer uma cidade e um estado mais inclusivos", conclui.

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